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Imune ao “ruído político”, Portugal deve voltar a financiar-se a taxas em mínimos

Tesouro quer aproveitar apetite para angariar até 1.250 milhões de euros, num leilão duplo a 10 e 15 anos. Analistas antecipam que a tensão política dos últimos dias não deverá afetar a emissão.
8 Maio 2019, 07h49

A cada nova emissão a longo prazo realizada nos últimos meses Portugal tem renovado mínimos históricos, e a tendência deverá manter-se esta quarta-feira, quando voltar ao mercado para um leilão duplo de Obrigações do Tesouro (OT) a 10 e 15 anos. A tensão política sobre as carreiras dos professores não deverá afetar a emissão, segundo os analistas consultados pelo Jornal Económico.

A Agência de Gestão de Dívida Pública – IGCP realiza dois leilões das OT com maturidade em 15 de junho de 2029 e 18 de abril de 2034, e um montante indicativo global entre 1.000 milhões de euros e 1.250 milhões de euros. Para Filipe Silva, diretor de gestão de ativos do Banco Carregosa, “deveremos estar perante um leilão normal, com taxas em mínimos históricos”.

A opinião é partilhada por Filipe Garcia, economista e presidente da IMF – Informação de Mercados Financeiros, que destaca que “o mercado não parece muito impressionado com a ‘crise política’. Esta segunda-feira, as taxas subiram ao longo do dia, mas em linha com o resto dos mercados de taxa fixa”.

No último leilão a 10 anos, que teve lugar a 10 de abril, Portugal voltou a financiar-se à taxa mais baixa de sempre nesta maturidade. O Tesouro emitiu 600 milhões de euros, com uma taxa de alocação de 1,143%, tendo a procura superado a oferta em 2,28 vezes. Já no último leilão a 15 anos, a 13 de fevereiro, foram colocados 295 milhões em OT, com uma taxa de 2,045%. A procura superou a oferta em 2,29 vezes.

“Tendo em conta o mercado secundário desta terça-feira, os 10 anos deverão ter uma taxa de 1,10% e os 15 anos de 1.58%. Ambas baixam face ao último leilão comparável”, antecipa Filipe Silva. No mercado secundário, a yield das obrigações soberanas a 10 anos negociaram nesta terça-feira a 1,09%.

“Apesar de termos tido algum ruído político nos últimos dias, tal não veio afetar o risco do país. Continuamos a beneficiar das baixas taxas da dívida soberana europeia”, sustenta Filipe Silva.

“Emitir dívida de longo prazo e com este custo é muito positivo para o país e continuará a permitir ir reduzindo o custo do serviço de dívida”, acrescenta o diretor de gestão de ativos do Banco Carregosa.

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