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Inflação sobe na China em março e pode pressionar estímulos monetários

A subida acima do esperado dos preços no consumidor e na produção industrial na China sublinham os efeitos da guerra na segunda maior economia do mundo e colocam algum pressão sobre o banco central do país numa altura em que a atividade económica em queda deixa antecipar cortes nas taxas de juro.
  • Li Yang on Unsplash
11 Abril 2022, 18h10

A inflação na China subiu em março, chegando a 1,5% em termos homólogos depois de dois meses consecutivos estável nos 0,9% e batendo as expectativas do mercado, que apontavam para 1,2%. Esta subida fica a dever-se sobretudo às disrupções globais, especialmente na energia, mas também aos atrasos na produção causados pela restritiva política ‘Covid Zero’ do país, que também reportou uma subida nos preços na produção industrial acima do esperado pelo mercado.

O índice de produção industrial subiu 8,3% face a março do ano passado, um resultado que até é mais baixo do que em fevereiro – dado um efeito base considerável –, mas que fica acima das expectativas dos analistas, que apontavam para 7,9%.

Apesar de o valor homólogo da inflação na produção ser o mais baixo no último ano, a subida em cadeia é a mais elevada desde outubro do ano passado, o que sublinha o impacto das tensões geopolíticas na economia chinesa.

Sendo um valor baixo para a inflação se comparado com a generalidade dos países ocidentais, o abrandamento da atividade na China coloca pressão sobre o banco central para estimular a segunda maior economia do mundo; no entanto, notam os analistas da holding financeira Nomura, “a subida da inflação na energia e bens alimentares limita o espaço de manobra para se cortarem taxas de juro”.

A possibilidade de mais subidas da inflação afigura-se como bastante real, continua a nota da holding japonesa, relembrando os “confinamentos e perturbações no transporte no nordeste da China, a zona com maior produção de cereais”, o que pode contribuir para mais pressões além das precipitadas pelo conflito na Ucrânia. Como tal, o risco de escassez de alimentos na segunda metade do ano “pode crescer”, contribuindo ainda mais para a subida de preços.

O indicador poderá chegar aos 2% já em abril, prevê a nota. Recorde-se que o Xangai, o centro financeiro do país, reportou mais de 25 mil casos assintomáticos este domingo, apesar de a cidade estar sujeita a um confinamento de duas semanas que tem castigado a atividade na região.

Ao mesmo tempo, as cadeias de abastecimento e logística também enfrentam disrupções causadas por testagem obrigatória dos motoristas de camiões e postos de controlo para testagem nas estradas, o que atrasa entregas.

Para o final do ano, os analistas da Nomura esperam que a inflação não supere os 3% definidos pelo Governo, resultado para o qual contribuirá o menor consumo causado pelos longos confinamentos decretados no país.

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