A inflação nos EUA voltou a renovar máximos em março, atingindo agora valores equiparáveis a dezembro de 1981 ao chegar aos 8,5% homólogos, mas a subida menos expressiva da inflação subjacente aponta para um possível pico em breve da pressão nos preços, destacam os analistas.
A leitura de março superou as expectativas do mercado, que antecipavam 8,4%, e o valor de fevereiro, que se havia cifrado nos 7,9%. Em sentido inverso, a inflação core, que descarta as categorias mais voláteis (energia e bens alimentares) avançou 6,5% em termos homólogos, o que ficou ligeiramente aquém do esperado, 6,6%.
Os mercados interpretaram este valor como um possível sinal de abrandamento da pressão nos preços em breve, dado que os efeitos da crise energética e logística parecem fazer-se sentir cada vez menos noutros sectores da economia. No entanto, sublinha o portal FxPro, os comentários de segunda-feira da Casa Branca a avisarem para a divulgação de “números extremamente altos de inflação” terão tido algum efeito nas expectativas dos investidores, que receberam assim com entusiasmo estes valores.
Ao mesmo tempo, a análise do banco neerlandês ING destaca que o erro entre a previsão e o valor verificado para a inflação subjacente se ficou a dever exclusivamente a duas categorias: os veículos usados, que representam 4,2% do cabaz do índice de preços no consumidor (IPC), e a educação. Estes componentes abrandaram, em cadeia, 3,8% e 0,2%, respetivamente. Em sentido contrário, os restantes componentes registaram um aumento.
O departamento de análise económica e financeira do banco prevê assim que a inflação possa voltar a subir no próximo mês, embora a trajetória se deva inverter a partir daí.
A incerteza mantém-se elevada, contudo, o que dificulta qualquer tipo de previsões, mas a expectativa é de uma descida lenta e gradual, uma ideia suportada pelos inquéritos a empresários que apontam para a manutenção de custos elevados combinados com uma capacidade de passar estes aumentos para os consumidores. Também a rigidez do mercado laboral contribuirá para a continuação de uma inflação elevada, numa altura em que as empresas competem pela reduzida oferta disponível de trabalho.
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