Este sábado, 1 de outubro, os eleitores da Letónia elegerão os 100 membros da Saeima, o Parlamento letão. Em 2018, o partido social-democrata Harmony, pró-russo, conseguiu um bom resultado, e dois partidos que conquistaram lugares parlamentares pela primeira vez: o populista e anti-establishment denominado Quem é o dono do Estado? e o Novo Partido Conservador.
As eleições gerais são fortemente influenciadas pelo ataque da Rússia à Ucrânia, dizem todos os analistas. Em jogo está a desintegração política entre a considerável minoria étnico-russa do país báltico, bem como questões relacionadas com a economia, incluindo os altos custos de energia patrocinados pela própria guerra.
As sondagens mostram que o partido Nova Unidade, do primeiro-ministro Krisjanis Karins, que lidera a atual coligação minoritária de centro-direita de quatro partidos, provavelmente emergirá o ganhador das eleições. Mas, depois de os cerca de 1,5 milhões de eleitores votarem, provavelmente seguir-se-á um longo período de negociação para a construção de uma nova coligação. Os analistas afirmam que, apesar de diferenças sensíveis no andamento das sondagens, Karins deverá acabar por manter o cargo de primeiro-ministro.
Alguns observadores sugerem que as eleições serão uma sentença de morte política para o Harmonia, que até agora era favorecido pela minoria étnico-russa, que representa mais de 25% da população. Nas últimas eleições, em 2018, foi, individualmente, o maior partido, com quase 20% dos votos, mas foi excluído do governo.
No entanto, a oposição imediata e firme do partido à invasão russa da Ucrânia fez com que muitos que ainda apoiam o presidente russo Vladimir Putin abandonassem essa postura. Aqueles que se opõem à guerra tendem a aproximar-se dos principais partidos da Letónia, como é o cado do Nova Unidade. As sondagens indicam que o Harmony agora está em quinto lugar com 5,1% de apoio. Apenas os partidos que obtiverem pelo menos 5% dos votos entrarão no parlamento nacional.
Desde a invasão, a Letónia – uma ex-república soviética que é membro da União Europeia e da NATO – tomou várias medidas diretamente relacionadas com o conflito, incluindo a reintrodução, depois de 15 anos, do recrutamento militar, a proibição de os russos entrarem no país com vistos de turista e o desmantelamento de um monumento soviético da Segunda Guerra Mundial na capital, Riga.
Entretanto, o governo anunciou o estado de emergência em certas áreas fronteiriças da Letónia como precaução após a mobilização militar parcial da Rússia. Assim como os vizinhos Estónia e Lituânia, a Letónia recusa conceder asilo político a militares russos na reserva que pretendem escapar do serviço militar obrigatório.
A natureza turbulenta da política letã fica bem patente perante o facto de o governo de Karins – que assumiu o cargo em janeiro de 2019 após longas negociações, tendo por isso cerca de três anos e meio, ser o mais logo da história, recente, do país.
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