[weglot_switcher]

Inteligência artificial: empresas têm de fazer transformação cultural para aproveitar tecnologia

Sandra Miranda Ferreira, Customer Success Lead da Microsoft Portugal, apontou que a inteligência artificial está já integrada em muitos processos que são familiares no nosso dia-a-dia, dando como exemplo a gestão de ativa de correio eletrónico, mas que o seu desenvolvimento depende da transformação cultural das organizações, nomeadamente empresas.
14 Dezembro 2021, 11h30

O desafio atual das organizações é serem “direcionadas pela inteligência”, aproveitando a imensa quantidade de dados e a tecnologia para o seu tratamento que já estão disponíveis, defendeu Sandra Miranda Ferreira, Customer Success Lead da Microsoft Portugal, na conferência “Liderar com Inteligência Artificial”.

A conferência “Liderar com Inteligência Artificial”, promovida pela Microsoft Portugal e que tem o Jornal Económico como media partner, foi transmitida esta terça-feira, 14 de dezembro, e procurou conhecer o estado de desenvolvimento da inteligência artificial e os desafios que coloca às empresas.

Além de Sandra Miranda Ferreira, participaram nesta conferência Luís Carvalho, Senior Vice President of Technology, Global Platform, da Farfetch; e Ricardo Chaves, Chief Commercial Officer da SIBS.

Sandra Ferreira apontou que a inteligência artificial está já integrada em muitos processos que são familiares no nosso dia-a-dia, dando como exemplo a gestão de ativa de correio eletrónico, mas que o seu desenvolvimento depende da transformação cultural das organizações, nomeadamente empresas.

“Quando nós assentamos numa cultura orientada a dados temos um problema básico para resolver, [porque] temos muitos, muitos dados e isso nem sempre é bom; o mercado falou durante muito tempo e em organizações data driven, direcionadas por dados, eu creio que nós estamos a entrar muito mais na era das organizações intelligence driven, direcionadas por inteligência, e não por dados, porque estamos a ficar muito ricos em dados, mas pobres em insights [conhecimento], temos dificuldade em tirar as respostas de que precisamos do manancial enorme de dados que temos”, defendeu, sublinhando que se trata de “um desafio que não vai parar de aumentar”.

Esta mudança, de uma base de recolha e tratamento de dados para uma de inteligência, requer uma transformação “profunda de cultura e operações, suportadas por tecnologia”, no entender da especialista. “A tecnologia está cá. Creio que, hoje em dia, é muito um trabalho de processos, de organização, de cultura, para conseguir capacitar uma tecnologia que já está disponível”, afirmou.

Farfetch movida a dados

No caso da Farfetch, a tecnológica global de matriz portuguesa especializada no comércio eletrónico de artigos de luxo, a inteligência artificial é fundamental para o negócio da empresa, que seria completamente sem estas competências.

“Nós utilizamos aquilo que se chama machine learning – uma subcategoria da inteligência artificial – intensivamente na nossa operação”, afirmou Luís Carvalho, explicando: “sempre que vai a um site da Farfetch, quer que seja um marketplace, como o Farfetch.com, que é operado a 100% por nós, quer seja numa Harrod’s – a tecnologia que suporta o marketplace da Harrod’s também é Farfetch, assim como o de outras marcas globais –, sempre que recebe uma recomendação, ou uma sugestão, sempre que faz uma pesquisa, o resultado é específico para si, se fez login e se aceitou a personalização dos dados, [devido à utilização de inteligência artificial]”.

“Em todo o nosso motor de pesquisa, de recomendação de rankings, há uma série de tecnologia baseada em inteligência artificial, em machine learning, que é aplicada automaticamente, instantaneamente, em cada passo que o utilizador dá”, acrescenta.

A tecnológica usa também ferramentas deste tipo para otimizar a sua cadeia de abastecimento.

A empresa tem uma cultura virada para os dados, para a recolha e tratamento de informação, que depois de trabalhada gera conhecimento. “A forma como nós olhamos para esta necessidade de aposta em data [dados] tem dois vetores principais: um é a tecnologia – e trabalhámos com a Microsoft em parte dessa tecnologia – e outra são as pessoas”, disse Luís Carvalho. “A nossa equipa de data são cerca de 200 pessoas, a nível global, que operam em escritórios na índia, em Londres, em Portugal, em Xangai, na China, e que nos dão esse conhecimento específico, quer da região em que queremos operar, quer de data”, aponta.

Para a SIBS, empresa especializada em pagamentos e responsável pela rede Multibanco, a abordagem à inteligência artificial é muito focada em casos de uso, como explicou Ricardo Chaves, que diz também que a empresa está culturalmente apta a aproveitar o desenvolvimento da tecnologia. “Hoje, somos seguramente orientados para uma cultura de dados e crescentemente orientados para uma cultura de inteligência artificial”, disse.

Copyright © Jornal Económico. Todos os direitos reservados.