[weglot_switcher]

Quarenta e cinco dias de invasão russa. Ponto de situação no terreno

As reações internacionais, o ponto de situação no terreno, as sanções e os seus efeitos na Rússia. Um ponto de situação a meio do 45º segundo dia da invasão da Ucrânia.
  • Bucha, Ucrânia
9 Abril 2022, 20h18

Notícia atualizada às 20:18 de sábado, 9 de março.

As reações internacionais, o ponto de situação no terreno, as sanções e os seus efeitos na Rússia. Um ponto de situação a meio do 45º segundo dia da invasão da Ucrânia.

-Ucrânia anuncia troca de 26 prisioneiros com a Rússia –

A vice-primeira-ministra anunciou hoje na sua conta da rede social Telegram, a Ucrânia realizou uma terceira troca de prisioneiros com a Rússia desde o início da invasão, permitindo a libertação de 12 soldados ucranianos e 14 civis, num total de 26 pessoas. Iryna Vereshchuk não especificou o número de russos trocados por esses ucranianos.

-Berlusconi diz estar “profundamente dececionado” com amigo Putin-

“Não posso e também não quero esconder que estou profundamente dececionado com o comportamento de Vladimir Putin, que assumiu uma responsabilidade muito séria perante todo o mundo”, afirmou Berlusconi, durante uma reunião pública, em Roma, do partido de direita Forza Itália, que faz parte da coligação de apoio ao Governo liderado por Mario Draghi. “Conheço-o há 20 anos e ele sempre me pareceu um democrata e um homem de paz”, acrescentou o empresário e político de 85 anos, que foi três vezes chefe de Governo, entre 1994 e 2011. Até hoje, Berlusconi tinha-se abstido de criticar publicamente Putin, com quem  manteve laços de amizade pessoal, chegando a convidá-lo para passar férias na sua luxuosa mansão na Sardenha.

-Rússia reorganiza cadeia de comando militar na Ucrânia – 

A Rússia terá reorganizado a cúpula militar que dirige as operações na Ucrânia para melhorar coordenação das unidades no terreno, avança o canal britânico BBC, que cita fonte ocidental. O general Alexander Dvornikov, que se destacou na Síria, é o nome do líder.

-Vice-PM ucraniano afirma que alegados criminosos de guerra foram identificados –

O vice-primeiro-ministro ucraniano e titular da Transformação Digital, Mykhailo Fedorov, afirmou hoje que os alegados autores de crimes de guerra em Bucha e Irpin foram identificados com tecnologia de reconhecimento facial e inteligência artificial. “Já foram encontrados muitos dos assassinos que aterrorizaram os civis em Bucha e Irpin”, referindo-se às cidades que estiveram sob ocupação militar russa e onde foram descobertos cadáveres de centenas de habitantes.

O Ministério da Defesa ucraniano começou a usar a tecnologia de reconhecimento facial da empresa norte-americana Clearview AI, que tem uma base de dados com 10.000 milhões de fotografias e mais de 2.000 milhões de imagens da rede social russa VKontakt.

– Governo ucraniano cria arquivo ‘online’ para documentar crimes de guerra russos –

O Ministério dos Negócios Estrangeiros da Ucrânia anunciou hoje a criação de um arquivo ‘online’ para documentar os crimes de guerra cometidos pela Rússia em território ucraniano, contendo provas das “atrocidades” das forças russas para que sejam julgadas. “Documentamos cuidadosamente cada atrocidade, cada crime. Criámos um arquivo ‘online’ especial desses crimes para que o mundo saiba a verdade e para que os russos sejam responsabilizados por cada gota de sangue ucraniano que derramarem”, disse o chefe da diplomacia ucraniana, Dmytro Kuleba, citado em comunicado.

Os crimes de guerra cometidos pelo Exército russo na Ucrânia desde a invasão em 24 de fevereiro, reunidos no arquivo, estão divididos em sete categorias: assassínio de inocentes, ataques a civis ou a infraestrutura civil, destruição de centros populacionais, reféns e tortura, deportação ilegal, ataques à religião e à cultura e violação sexual. O arquivo, que já está disponível no ‘link’ https://war.ukraine.ua/russia-war-crimes, será constantemente atualizado pelo do Ministério dos Negócios Estrangeiros em cooperação com organismos policiais ucranianos, organizações internacionais e missões de monitorização.

– Bombardeamentos russos já destruíram 21 hospitais –

O ministro da Saúde da Ucrânia, Viktor Lyashko, fez hoje um balanço da destruição provocada pelos bombardeamentos russos .”Tivemos um total de 307 instalações de saúde danificadas, desde o início da guerra. Este número inclui centros de cuidados primários. Vinte e um hospitais foram totalmente destruídos e não podem ser recuperados. Terão de ser construídos novos”, afirmou o governante, citado pela agência Efe.

Tendo em conta o nível de destruição dos hospitais, os médicos “são transferidos frequentemente de um edifício para outro, que esteja intacto, para não parar o processo de prestação médica”, referiu, adiantando que muitos doentes foram transferidos das regiões de Donestsk e Lugansk para “outros lugares mais seguros” e que foram montados hospitais de campanha nas regiões mais ocidentais, uma vez que, nas zonas de combate, só é possível prestar os primeiros socorros.

– Estação ferroviária de Kramatorsk –

O presidente ucraniano, Volodymyr Zelensky, exigiu hoje uma “resposta mundial firme” ao bombardeamento da gare ferroviária de Kramatorsk (Leste da Ucrânia), alegadamente realizado pelas tropas russas, e na qual estavam concentrados milhares de civis que fugiam da região.

O ataque com mísseis matou pelo menos 52 pessoas, entre as quais cinco crianças, segundo o mais recente balanço feito pelas autoridades locais ucranianas.

O presidente americano, Joe Biden, classificou o ato como uma “atrocidade horrível” cometida por Moscovo, e a diplomacia francesa como “um crime contra a humanidade”. Moscovo já rejeitou a autoria do ataque, afirmando que não dispõe nos seus arsenais do tipo de míssil utilizado. Para o regime russo, trata-se de uma “provocação” ucraniana.

O ataque não demoveu os civis de tentarem fugir pela mesma rota, tal como constataram os jornalistas da agência France Presse na manhã de sábado. Vários mini-autocarros e camionetas apanharam esta manhã dezenas de pessoas que escaparam ao bombardeamento e que passaram a noite numa igreja protestante no centro da cidade, não muito longe da estação de comboios atingida.

– Recolher obrigatório em Odessa – 

Os habitantes de Odessa, o grande porto ucraniano no Mar Negro, vão estar obrigados a um recolher obrigatório que vai durar da noite de hoje até à manhã de domingo. O motivo é simples: a “ameaça” de novos ataques com mísseis na sequência do bombardeamento à estação de comboios de Kramatorsk, indicaram as autoridades locais. “Uma nova ameaça de ataque com mísseis paira sobre Odessa”.

– A Rússia mais perto do default nos pagamentos –

A agência de notação financeira S&P Global Ratings baixou o nível do rafting da Rússia nos pagamentos em moeda estrangeira. O país está agora no nível “incumprimento seletivo”, o último degrau antes do default dos pagamentos global.

– Moscovo contra o Youtube –

Vários responsáveis  russos acusaram hoje o serviço de video online Youtube, propriedade do gigante americano Google, de ter bloqueado a conta da cadeia de  televisão da câmara baixa do parlamento russo, a “Duma-TV”. E prometem represálias contra o Youtube.

O presidente da Duma, Viatcheslav Volodine, afirmou que devido a esta atitude do Youtube, Washington está a violar “os direitos dos russos”. Já a porta-voz da diplomacia russa Maria Zakharova afirmou que o Youtube “assinou a sua própria condenação”. Os jornalistas da AFP em Moscovo constatou na manhã de sábado que a Duma TV não estava acessível.

– Coleção Morozov –

Dois quadros da coleção Morozov – um deles propriedade de um oligarca russo, outro pertencente a um museu ucraniano e ambos expostos na Fundação Vuitton, em Paris – vão “ficar em França”, anunciou este sábado a ministra da Cultura francesa.

O primeiro quadro fica em França já que o seu “proprietário, um oligarca russo, está com os seus bens congelados” no âmbito das sanções europeias. O segundo ficará à guarda do Estado francês até que a situação na Ucrânia permita a sua devolução em segurança”.

– O “futuro europeu” da Ucrânia –

“A Rússia vai cair na decomposição económica e tecnológica, enquanto que a Ucrânia caminha rumo a um futuro europeu”. A declaração pertence à presidente da Comissão Europeia, Ursula von der Leyen, no decorrer da sua visita, na sexta-feira, em Kiev.

“Estou absolutamente convencida que a Ucrânia vai ganhar esta guerra, que a democracia vai ganhar esta guerra”, disse ainda.

Antes das declarações, Ursula von der Leyen deslocou a Bucha – acompanhada pelo chefe da diplomacia europeia, Josep Borrell – para ver em pessoa as valas comuns escavadas para enterrar as dezenas de civis mortos na ofensiva russa.

O chanceler austríaco, Karl Nehammer, desloca-se ainda hoje a Bucha e a Kiev.

Quem também visitou este sábado Kiev foi o primeiro-ministro britânico, Boris Johnson, que se reuniu com o presidente ucraniano.

Copyright © Jornal Económico. Todos os direitos reservados.