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Invasão russa à Ucrânia. Carências graves na produção de trigo podem ser prenúncio para uma crise à escala global

A invasão russa à Ucrânia ameaça seriamente as produções de trigo naquele país, o que vai ter um impacto fortíssimo na alimentação, não só do povo ucraniano, mas também de outros países, onde milhões de pessoas dependem daquelas plantações. Os preços estão a subir em flecha e do futuro não se espera nada de positivo.
12 Março 2022, 16h00

Por toda a Ucrânia se sentem os impactos da guerra. No caso do setor agrícola, o cenário é extremamente negativo, com os agricultores a formar expetativas de uma forte queda nas produções de trigo, em comparação com os anos anteriores. As plantações precisam de ser alimentadas urgentemente, para que não se percam as colheitas, que são feitas na primavera. Contudo, neste momento, devido ao caos em que a Ucrânia mergulhou, tal não é possível.

As colheitas do trigo alimentam milhões de pessoas todos os anos, pelo que o impacto ameaça ser nefasto em muitas populações, tanto na Ucrânia como noutros países, em particular países subdesenvolvidos, como é o caso do Líbano, Iémen ou Egito.

De acordo com a agência Reuters, a escassez de fertilizantes, pesticidas e herbicidas é gritante, o que forma também um problema grave. Isto porque, por esta altura, com o fim do inverno, os agricultores lançam estas espécies nas plantações, o que leva a um aumento exponencial das produções. Este ano, tal não tem sido possível e tudo aponta para uma continuação desta tendência, até porque os próprios veículos usados neste trabalho estão sem combustível.

Muitos agricultores esperam quedas acentuadas nas colheitas do trigo, depois de números recorde no ano passado. Alguns destes foram ouvidos pela Reuters e disseram que pode existir uma redução para metade, ou até mais.

Também o presidente da Yara International, a maior produtora do mundo de fertilizantes feitos com nitrogénio, não espera facilidades nos próximos tempos. “Para mim, a questão não é se vamos ter uma crise global de comida”, disse esta semana. “É quão grande será essa crise”, acrescentou Svein Tore Holsether.

Uma insuficiência que indicia ser fortíssima, dado que Ucrânia e Rússia, em conjunto, representam um terço das exportações mundiais de trigo. Algo que já se nota nos preços praticados, que subiram em flecha – cerca de 50% no mês passado.

Fontes oficiais ucranianas dizem estar a fazer os possíveis para conter esta carência de produtos. O ministro da Agricultura, Roman Leshchenko, anunciou na terça-feira a proibição da exportação de vários alimentos essenciais, incluindo o trigo.

O Kremlin diz estar a conduzir uma “operação militar especial”, negando atacar civis, mas o que conhecemos das consequências da guerra é bem diferente, com um sem número de ataques a áreas residenciais, hospitais ou maternidades.

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