E se uma fotografia tirada com um vulgar telemóvel permitisse obter instantaneamente estimativas da qualidade dos solos e produtividade das culturas numa exploração agrícola…!? A ideia é, de facto, inovadora e (esta é a segunda boa notícia) está a passos de vir a tornar-se uma ferramenta real, que ajudará a trabalhar a terra de uma forma diferente da conhecida até hoje. Será útil para os agricultores e a lavoura, em geral.
“Neste momento, temos grandes expectativas para a aceitação e utilização futura da aplicação”, afirmam Ricardo Teixeira, e Tiago Morais, investigadores do Laboratório de Robótica e Sistemas de Engenharia (LARSyS) do Instituto Superior Técnico, ao JE Universidades.
Na era do conhecimento e da digitalização, os telemóveis são uma ferramenta de trabalho essencial em muitas profissões, mas não ainda na agricultura. Há múltiplas aplicações que usam dados de satélite para informar os agricultores sobre a produção das culturas ou para otimizar a água da rega, mas essas aplicações quando têm uma versão para telemóvel são apenas uma versão de uma ferramenta informática complexa e de difícil interpretação.
De facto, não existem ferramentas que usem os telemóveis para recolha de dados e visualização imediata de resultados. Esta aplicação resulta, portanto, de uma necessidade identificada por Ricardo Teixeira, professor auxiliar convidado e investigador auxiliar do Técnico, e Tiago Morais, investigador júnior.
“Estamos — explicam os investigadores — a construir uma ferramenta que fornece dados essenciais para melhorar a gestão das explorações, mas evitando que se torne um sistema complexo de utilizar ou que exige muito tempo aos agricultores para aprender a usar. Queremos remover barreiras à utilização da tecnologia pelos agricultores, incluindo os que têm menos recursos”.
Ricardo Teixeira e Tiago Morais vão utilizar tecnologias de realidade aumentada, popularizadas pelo jogo Pokemon Go, o que permite fornecer informação sobre as explorações em tempo real, como por exemplo, dados de matéria orgânica no solo ou estado nutricional do solo. Para isso, o agricultor terá somente que apontar o telemóvel ou tirar uma fotografia da área que pretende analisar. Ao fazê-lo, são aplicados algoritmos de aprendizagem automática desenvolvidos a partir de dados de satélite, que fornecerão uma estimativa adaptada à exploração que utiliza as cores da própria foto para ajudar à estimação. Os resultados são calculados na ‘cloud’ e mostrados no próprio visor do telemóvel ao agricultor.
Protótipo vem aí
A ideia dos investigadores do Laboratório de Robótica e Sistemas de Engenharia do Técnico foi premiada na fase inicial do concurso “myEUspace”, da Agência da União Europeia para o Programa Espacial (EUSPA). Nesta fase são selecionadas as ideias a apoiar para que desenvolvam um protótipo e procurem a validação do produto no mercado.
VirtuaCrop, assim se designa o projeto, avança para a segunda fase do concurso, lado a lado com os três vencedores da mesma categoria. Todos dispõem agora de 10 mil euros e nove semanas para dar vida ao protótipo, que no caso português passa por aprimorar os algoritmos que permitem obter as medidas de qualidade do solo e criar o interface com o utilizador.
A grande final é dia 1 de junho em Praga, na República Checa. E o vencedor levará para casa os 25 mil euros do prémio.
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