O Iraque vai, este sábado, a eleições pela primeira vez desde que venceu a luta contra o grupo terrorista autoproclamado Estado Islâmico. Cerca de 25 milhões de eleitores escolhem os 329 deputados que os vão representar no Parlamento iraquiano, prevendo-se que o confronto entre os interesses dos Estados Unidos e do Irão no país se tornem ainda mais visíveis.
Entre os candidatos que se acredita que têm mais hipóteses de vir a ser o próximo chefe de Governo estão o atual primeiro-ministro iraquiano, Haider al-Abadi, e Hadi al-Amiri, chefe de um dos grupos paramilitares mais poderosos do Iraque. Ambos são xiitas, mas separam-os as afinidades diplomáticas. Haider al-Abadi é pró-Estados Unidos, enquanto Hadi al-Amiri é pró-Irão.
Na luta contra o autoproclamado Estado Islâmico, Haider al-Abadi fez das forças aéreas e terrestres norte-americanas o seu principal aliado. Já Hadi al-Amiri comandava as forças armadas e treinadas pela Guarda Revolucionária Islâmica do Irão, que se mobilizou massivamente para expulsar o Daesh do país vizinho.
A milícia armada foi crucial para ampliar a influência iraniana no Iraque nos últimos anos e Hadi al-Amiri é visto como o homem escolhido capaz de cimentar essa influência. Hadi al-Amiri garante que não serve os interesse do Irão, embora não possa negar um passado de objetivos em comum. O candidato é a principal ameaça de Haider al-Abadi, que pôs de lado a supremacia xiista e o sectarismo em prol de um nacionalismo iraquiano mais inclusivo e próximo dos Estados Unidos.
O desempenho dos candidatos pode vir a influenciar a forma como o país lida com os seus principais aliados, Estados Unidos e Irão. O tema adquiriu uma importância ainda maior, após o presidente norte-americano ter rasgado o acordo nuclear com o Irão. O antigo presidente Barack Obama, que assinou em 2015 o acordo, veio avisar que a medida pode vir a resultar num escalar de tensões na região do Médio Oriente.
“O Irão vai lutar ferozmente para controlar tudo no Iraque: mercados, economia, petróleo”, considera Ghalib al-Shahbandar, analista e antigo político iraquiano. “Se o pior acontecer, o Irão já tem alas militares a concorrer nas eleições”.
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