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Israel antecipa recrudescimento dos confrontos entre israelitas e palestinianos

Uma marcha de protesto organizada pela extrema-direita previamente proibida pela política pode fazer regressar o caos a Jerusalém, cidade que está há várias semanas submersa em violência.
20 Abril 2022, 18h05

Como sucede todos os anos, o tempo da Páscoa é especialmente violento em Israel, com a convergência para a cidade velha de Jerusalém de fervorosos religiosos muçulmanos e hebreus a procurarem os lugares santos das suas convicções e a envolverem-se em confrontos mais ou menos violentos.

Este ano não foi uma exceção e mais uma manifestação da ortodoxia judaica prevista para a cidade velha – antecipadamente proibida pela polícia mas que os movimentos de extrema-direita prometeram já não cumprir – vai com certeza redundar em novos atos de violência.

Esta manhã, confrontos menores tiveram lugar no Monte do Templo de Jerusalém e na Mesquita de Al-Aqsa entre a polícia israelita e palestinianos, o que permite à polícia antecipar o aumento da tensão na cidade antes da marcha não autorizada. Os confrontos ocorreram quando várias centenas de peregrinos judeus, escoltados pela polícia, visitaram o Monte do Templo, conhecido pelos muçulmanos como Haram al-Sharif (O Nobre Santuário).

O chamado ‘desfile das bandeiras’, semelhante ao normalmente realizado na cidade no Dia de Jerusalém, foi proibido pela polícia devido ao plano dos organizadores de marcharem pelo volátil Portão de Damasco. Esta manhã, a polícia disse que concordaria com uma rota alternativa proposta pelas forças da ordem, mas os organizadores não aceitaram.

A marcha foi convocada depois de esta semana os palestinianos terem atacado autocarros que seguiam a caminho do Muro das Lamentações. Itamar Ben Gvir, líder do partido de extrema-direita israelense Otzma Yehudit, já disse que participará na marcha.

Jerusalém tem sido um verdadeiro barril de pólvora nas últimas semanas, numa altura em que os feriados do Ramadão e da Páscoa atraíram milhares de populares das duas religiões para os locais sagrados de ambas. As autoridades israelitas fecharam as fronteiras entre Israel e a Cisjordânia e a a faixa de Gaza, na tentativa de impedirem novos ajuntamentos.

Depois de uma sexta-feira especialmente violenta, Israel voltou a abrir as fronteias às primeiras horas deste domingo, mas os confrontos regressaram logo no início da semana. O Hamas, grupo muçulmano que controla Gaza e que Israel considera um agrupamento terrorista, emitiu uma declaração com novas ameaças na terça-feira.

Um ‘roket’ foi disparado de Gaza na noite de segunda-feira e intercetado pelo sistema de defesa aérea israelita. Israel atingiu alvos do Hamas em Gaza horas depois. As forças da ordem israelita estão atentas a novos disparos vindos de Gaza – até porque, dizem, o Hamas é incapaz de impedir que outros grupos façam disparos a partir daquele território.

Após o lançamento do ‘roket’, o Hamas entrou em contato com Israel por meio de mediadores egípcios para enfatizar que não está interessado em nova escalada de violência e não estava por trás do ataque. Mas o problema mantém-se dada a incapacidade de controlo de outros grupos independentes da liderança do Hamas.

Só nos confrontos de sexta-feira na Mesquita de Al-Aqsa, a polícia israelita fez mais de 400 presos e 150 manifestantes ficaram feridos. A maioria dos detidos foi libertada posteriormente. As imagens da policiai a atacar civis atraíram a condenação internacional, inclusivamente da parte de alguns aliados muçulmanos de Israel.

 

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