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Israel organiza cimeira com os EUA e Estados signatários dos Acordos de Abraão

A primeira reunião pessoal de ministros dos Negócios Estrangeiros dos países que assinaram os Acordos terá lugar em Israel a 27 e 28 de março. Um legado do ex-presidente Donald Trump que o seu sucesso, Joe Biden, não enjeita.
26 Março 2022, 15h00

O ministro dos Negócios Estrangeiros de Israel, Yair Lapid, receberá os seus homólogos dos Emirados Árabes Unidos, Bahrein, Marrocos e dos Estados Unidos para uma cimeira diplomática considera histórica e que juntará os três Estados muçulmanos que entenderam abrir relações diplomáticas com o Estado judaico.

Os chamados Acordos de Abraão foram planos gizados pela anterior administração norte-americana liderada por Donald Trump – que considerava ser esta a única forma de fazer regressar a paz ao Médio Oriente e retirar Israel da zona de pressão com Islão. O plano, criado na parte final do mandato de Trump (em 2020), previa que mais países se juntassem ao grupo inicial, principalmente a Arábia Saudita – mas o certo é que o único país que quis assinar o acordo depois dos três primeiros foi o Kosovo, mas por razões desconhecidas nunca foi atendido.

Apesar disso, a nova administração democrata entendeu que os Acordos de Abraão poderiam ser uma base interessante para a paz na região e, ao contrário da quase totalidade de legado de Trump, não foram abandonados. Mesmo assim, a deterioração das relações entre os Estados Unidos e a Arábia Saudita não é um bom pano de fundo para os acordos irem muito mais longe.

O anúncio da cimeira surgiu um dia depois de o secretário de Estado norte-americano (o ministro dos Negócios Estrangeiros), Antony Blinken, anunciar uma visita a Israel e à Cisjordânia, que acontece menos de menos de um ano depois de idêntica viagem.

Para além de Blinken, Yair Lapid receberá Abdullah bin Zayed Al Nahyan, dos Emirados Árabes Unidos, Abdullatif bin Rashid Al-Zayani, do Bahrein, e Nasser Bourita, de Marrocos. Israel fez do fortalecimento dos acordos uma prioridade máxima da sua estratégia internacional, agendando reuniões diplomáticas regulares com os países membros, ao mesmo tempo que procura expandir os acordos para incluir outros países.

Mas isso revela-se difícil. É que Trump tinha fortes ‘moedas de troca’ para convencer os países a entrarem nos Acordos de Abraão – por exemplo, aceitou que o Saara Ocidental é parte integrante de Marrocos e permitiu aos Emirados ter acesso à compra de armamento norte-americano de última geração. Ora, Joe Biden não está nessa disposição – ou pelo menos não quer ser tão generoso quanto o seu antecessor – o que tem desmotivado novas adesões.

A cimeira acontecerá menos de uma semana depois de o primeiro-ministro israelita, Naftali Bennett, ter viajado para a cidade de Sharm el-Sheikh, no Sinai, para participar numa outra cimeira (também considerada histórica) com o presidente egípcio Abdel-Fattah el-Sissi e o príncipe herdeiro dos Emirados Árabes Unidos Sheikh Mohammed bin Zayed Al Nahyan.

Blinken aproveitará a sua presença em Israel para se reunir com Naftali Bennett, com Yair Lapid, com o ministro da Defesa, Benjamin Gantz, e com o presidente Isaac Herzog em Israel. E também tem encontro marcado com o cada vez mais contestado presidente da Autoridade Palestiniana, Mahmoud Abbas, em Ramallah, Cisjordânia.

Recorde-se que os acordos de Abraão foram duramente contestados pelas organizações palestinianas, principalmente pelo Hamas, que consideraram que os Estados muçulmanos que os subscreveram traíram a confiança de um país martirizado pela ocupação israelita.

Para distender o ambiente, está prevista a realização de uma partida de futebol entre jogadores dos países signatários dos Acordos de Abraão, a ter lugar na Expo 2020, anunciou o embaixador dos Estados Unidos em Israel, Tom Nides.

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