“Isto é capaz de resultar”. Casal inglês transformou uma quinta abandonada em Amarante na sua casa

Quando em 2020 John e Tara Newby escolheram Portugal como destino de férias estavam longe de imaginar que três anos depois continuariam por cá, mas agora como residentes permanentes. Tudo isto devido à pandemia de Covid-19 que obrigou o casal de Bristol, em Inglaterra a ficar um mês em Portugal face às regras da quarentena, que os impediu de voltar a casa.

Com mais tempo livre, os dois decidiram que esta seria uma boa altura para procurar uma casa para comprar em Portugal, de preferência no campo. “Estávamos à procura de um estilo de vida que significasse que poderíamos sair do Reino Unido, passar mais tempo fora, ter um clima melhor e espaço para os nossos filhos crescerem de uma forma um pouco mais selvagens e livres”, conta Tara Newby, 35, ao “Insider”.

E de facto não foi preciso procurarem durante muito tempo. Na segunda propriedade que visitaram, uma quinta com três hectares no município de Amarante composta por três edifícios construídos em pedra, o casal encontrou o espaço ideal para viver juntamente com o seu primeiro filho. “Quando atravessámos o portão o John viu um enorme potencial naquele espaço e disse-me: acho que isto é capaz de resultar”, refere Tara Newby.

Num período em que viviam e viajavam numa autocaravana, o casal decidiu então comprar a quinta por 95 mil euros. Contudo, e após a aquisição do imóvel ponderaram o que fazer em relação ao mesmo. “A primeira ideia era um negócio de estilo de vida ou uma casa de férias. Também pensamos em mudar-nos permanentemente e, quando voltamos para cá, ficámos cada vez mais apaixonados por essa ideia à medida que passávamos mais tempo aqui”, afirma Tara.

A vertente financeira também teve um papel importante na hora de decidirem vir morar para Portugal. “Os preços nos últimos anos em Bristol estavam uma loucura e tínhamos património suficiente na nossa propriedade para comprar a quinta aqui”, conta John Newby. No entanto, o dinheiro estava numa conta bancária e as taxas de juros eram baixas na altura. “Não estavam [o banco] a fazer nada por nós. Depois viemos para Portugal e pensámos, bem, porque não comprar uma casa aqui com o dinheiro que temos no banco”, explica.

Finalizado todo o processo de compra o casal mudou-se em definitivo para a quinta em Amarante em maio do ano passado. Quinta essa que apesar de estar abandonada há mais de 20 anos estava tal e qual como no dia em que foi abandonada. “Parecia literalmente que alguém tinha saído pela porta num dia normal e nunca mais voltou. Havia bolachas nos armários, havia roupas nos armários, as camas estavam feitas”, conta Tara, acrescentando que os primeiros 10 dias foram passados a retirar todo o recheio das habitações e a fazer limpezas.

“Havia muito para limpar, muitas teias de aranha e pó a cobrir todas as superfícies da casa” refere. Só após todo este processo de limpeza o casal passou para a fase de começar a cultivar as suas próprias frutas e legumes. A natureza tomou conta de grandes áreas da propriedade, escondendo mesas de pedra ao ar livre e escadas antigas que o casal nem sabia que existiam.

Três meses depois de trabalharem na reabilitação de todo o espaço, o casal regressou ao Reino Unido em setembro de 2022 para se preparar para o nascimento do segundo filho. Um mês depois regressaram os quatro para Portugal, onde continuam a remodelar a casa, com uma forte aposta na sustentabilidade.

O espaço tem um sistema de água fora da rede local, bem como água doce que vem de um ribeiro para a propriedade. Embora a quinta obtenha eletricidade através da rede local, a família também depende da energia solar, estando a avaliar se deve retirar por completo a eletricidade da rede local no futuro.

“Portugal tem realmente boas energias renováveis como parte da rede nacional. Penso que durante alguns meses deste ano, cem por cento da electricidade do país foi fornecida inteiramente por energias renováveis. Isto também significa que os preços da electricidade no país são geralmente muito bons. Estamos a avaliar o custo de oportunidade para saber se é importante para nós sairmos completamente da rede individual ou se o Governo português está a fazer um trabalho suficientemente bom com as energias renováveis”, explica John Newby.

Para que toda esta história possa ficar imortalizada, o casal decidiu em 2020 abrir um canal de Youtube, numa altura em que ainda vivia no Reino Unido, mas onde agora é possível visualizar o documentário sobre o processo de compra e reabilitação da propriedade.

“No início era apenas um hobby. Começamos a colocar alguns vídeos para os pais da Tara, que estavam no Zimbabué, para mantê-los informados”, conta John.

Antes da pandemia, o casal trabalhava em conjunto numa agência de viagens, mas a pandemia trocou-lhes as voltas. “Temos essencialmente três empregos a tempo inteiro. Somos pais a tempo inteiro, os nossos filhos não vão à creche nem nada. Depois temos o nosso negócio a tempo inteiro no YouTube, a criar conteúdo. E estamos a tempo inteiro a tentar criar uma propriedade”, conta Tara.