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Itália: esquerda e direita correm à procura de novas coligações

Com Mario em Draghi em regime de gestão corrente, os partidos da esquerda e da direita atropelam-se para conseguirem entendimentos. A direita parece estar mais organizada, e a esquerda mais distraída com lutas fraticidas. O verão promete!
22 Julho 2022, 16h00

Com o governo de Mario Draghi demissionário e em regime de gestão corrente, a esquerda e a direita italianas estão num verdadeiro contrarrelógio para, já em setembro, conseguirem apresentar-se aos italianos como o conjunto mais capaz de liderar a política do país.

A ver pelos jornais italianos, é a direita que está à frente: não só porque já tem marcados uma série de encontros entre os seus líderes, mas principalmente porque tudo leva a crer que uma coligação à direita será bem mais fácil que do outro lado do espectro político.

Direita a mexer

Giorgia Meloni, líder dos Irmãos de Itália, já se encontrou com o seu homólogo do Força Itália, Silvio Berlusconi e ambos confirmaram que estão alinhados na criação de uma ampla frente de direita – que necessariamente terá de contar com a Liga, de Mattteo Salvini, sob pena de, á partida, não ir a lado nenhum. No seu melhor, Berlusconi anunciou que, se ganhar (ou fizer parte do núcleo que ganhar), “vamos aumentar as pensões de todos para mil euros por mês durante treze meses”.

Mas, para já, Salvini parece ser, dos três, o menos acomodado à ideia de uma coligação. Sendo o mais radical dos três, o líder da Liga afirmou que “estamos prontos para a campanha eleitoral” – o que quer dizer que não precisam de encontros com os outros partidos para saberem o que prometer ao eleitorado.

Os termos de uma possível coligação podem ser inovadores: “no centro-direita há diferentes forças políticas, que se apresentarão cada uma com as suas próprias listas, os seus próprios símbolos, a sua própria identidade, mas com um programa comum”, disse Silvio Berlusconi. Ou seja, haverá, ou poderá haver, uma base comum, mas não uma coligação formal dos partidos daquela área política

Esquerda a atacar

À esquerda, as notícias são bem menos ‘evoluídas’: não existe qualquer evidência de que os partidos desse lado do espetro político já estejam empenhados de forma avançada numa coligação – tenha ela a forma que tiver. Ao contrário, o tempo parece ser o da atribuição de culpas pelo naufrágio do executivo de Mario Draghi. Para todos os efeitos, o Movimento 5 Estrelas (M5S) é considerado, em última análise, o responsável por uma crise de que ninguém suspeitava até há duas semanas atrás.

No interior do partido, a luta entre Luigi de Maio e o ex-primeiro-ministro Giuseppe Conte não podia estar mais exacerbada – com o primeiro a acusar o segundo de ter sido o maior contribuinte líquido para a derrocada do governo de Draghi.

O Ação – uma espécie de spin-off do Partido Democrata, como também o é o Itália Viva do ex-primeiro-ministro Matteo Renzi – liderado por Carlo Calenda, está indisponível para manter qualquer entendimento com o M5S. Mas também com o próprio Partido Democrata, que acusa de ter apoiado a reserva do M5S em relação ao executivo de Draghi.

Entretanto, o Partido Democrata parece estar mais interessado em reservar-se face à efervescência política que tomou o país de assalto e tem sido dos menos propagandeados pela imprensa italiana.

Com as taxas de dívida soberana a escalarem todos os dias mais um pouco – arrastando atrás de si várias outras, como é o exemplo mais inesperado da dívida da Alemanha – o verão em Itália vai ser, tudo o indica, muito quente.

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