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Jerónimo Martins quer investir 850 milhões este ano, mas Ucrânia cria incerteza

O que vai acontecer em termos do investimento “vai depender muito de como o mundo vai evoluir e o que vai acontecer nas próximas semanas” na Ucrânia, afirmou Pedro Soares dos Santos, presidente da Jerónimo Martins.
  • Cristina Bernardo
10 Março 2022, 13h55

A Jerónimo Martins quer investir 850 milhões de euros este ano, mantendo o seu plano de expansão e de abertura de lojas. Ainda assim, a atenção está agora virada para os desenvolvimentos na Ucrânia, um fator de incerteza que leva Pedro Soares dos Santos, CEO da empresa, a manter-se cauteloso em torno das previsões para 2022.

O que vai acontecer em termos do investimento “vai depender muito de como o mundo vai evoluir e o que vai acontecer nas próximas semanas”, afirmou Pedro Soares dos Santos, presidente da Jerónimo Martins, numa conferência realizada esta quarta-feira, na apresentação dos resultados para 2021. Do total do investimento, cerca de 175 milhões de euros serão destinados a Portugal.

Quanto a previsões para este ano em termos de faturação, o responsável prefere manter-se cauteloso. “Este ano, as minhas projeções estão muito reservadas e vou mantê-las muito reservadas”, isto porque “não tenho a certeza exata dos impactos da inflação”. É “demasiada incerteza e eu prefiro ser muito cauteloso nessa matéria”, referiu.

Um dos mercados que poderá sentir mais o impacto será o da Polónia, país que faz fronteira com a Ucrânia e o negócio com mais peso para a Jerónimo Martins. Até agora, este impacto não se sentiu.

Luís Araújo, CEO da Biedronka, afirmou durante a conferência que, “neste momento, não sentimos disrupção”, embora este cenário “não seja de excluir nas próximas semanas” tendo em conta a incerteza provocada pela operação militar russa na Ucrânia. Um travão

No comunicado divulgado na quarta-feira, o grupo indicou que, “neste momento, a Biedronka espera poder manter o seu plano de expansão para o ano de 2022 e abrir cerca de 130 lojas e um novo centro de distribuição, bem como remodelar cerca de 350 localizações”.

A polaca Biedronka decidiu, perante a invasão russa, retirar de venda 16 produtos de origem russa e bielorussa, e desceu preços de cerca de 50 produtos de primeira necessidade em 43 lojas localizadas perto da fronteira com a Ucrânia. Uma lista que Luís Araújo diz ser a “adequada e que cobre as necessidades básicas”, mas que ainda pode vir a aumentar.

Jerónimo Martins preparada para mitigar aumento dos custos

Na mesma conferência, Pedro Soares dos Santos disse que a empresa que lidera está “preparada para mitigar e poder equilibrar o que pode passar ao consumidor e o que vai ter de absorver, mesmo que isso implique alguma revisão de lucratividade”.

“Não podemos ficar com tudo [em termos de impacto]. Vai haver uma loucura em termos de tentativa de subida de preços e vamos ter uma grande luta para travar”, referiu.

A Jerónimo Martins, a dona do Pingo Doce e da Biedronka, na Polónia, registou lucros de 463 milhões de euros em 2021, uma subida de 48,3% face aos 312 milhões de euros verificados em 2020. Já as vendas das marcas do grupo cresceram 8,3%, ultrapassando “largamente o marco dos 20 mil milhões de euros”.

Sobre os impactos da invasão da Ucrânia na operação da Biedronka, a Jerónimo Martins disse, no comunicado divulgado na quarta-feira,  que ainda é cedo para perceber o real alcance, mas fez referência ao facto de “o rápido aumento da inflação dos produtos alimentares, da energia e dos transportes” estar a ser “intensificado pelo conflito militar e por crescentes limitações sentidas nas cadeias de abastecimento internacionais”.

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