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Joe Biden: “Cumprimos a nossa missão” (com áudio)

A necessidade de explicar as suas opções em relação ao Afeganistão levou o Presidente dos Estados Unidos a afirmar que o objetivo era “caçar Bin Laden” e não instaurar um regime democrata no país. As críticas já começaram.
16 Agosto 2021, 21h31

O Presidente dos Estados Unidos, Joe Biden sentiu, perante a crise política que se instalou em Washington, a necessidade de dar esclarecimentos sobre a sua prestação no que tem a ver o Afeganistão e repetiu que o problema foi a pressa com que tudo sucedeu e o facto de, do lado do governo afegão, nada ter sido feito para cumprir o que estava acordado. “A verdade é que o país se desenrolou mais rapidamente do que tínhamos previsto e então o que sucedeu foi que os líderes políticos do Afeganistão desistiram e fugiram do país, os militares afegãos entraram em colapso, às vezes sem mesmo tentarem lutar” contra a insurgência radical dos taliban.

Numa das declarações que por certo serão consideradas mais polémicas, Biden disse que a presença nas tropas norte-americanas do Afeganistão é, pelo menos em parte, considera, um sucesso: “Fomos para o Afeganistão há quase 20 anos com objetivos claros: caçar aqueles que nos atacaram em 11 de setembro de 2001 e garantir que a Al-Qaeda não usasse o Afeganistão como base para nos atacar novamente. Fizemos isso”, nunca desistimos da caça a Osama bin Laden e apanhámo-lo”, “a nossa missão no Afeganistão nunca foi pensada para ser a construção de uma nação, nunca foi destinada a criar uma democracia central unificada”.

Ou seja, deu Biden a entender – e ao contrário do que foi afirmado tantas vezes pelos mais diversos sectores norte-americanos – a democracia não seria, na sua ótica, um esteio da normalização do processo de construção e do fim do radicalismo, mas antes uma espécie de efeito colateral que afinal não foi possível alcançar.

Biden acusou o ex-presidente afegão Ashraf Ghani de recusar os conselhos sobre a busca de um acordo diplomático com os Taliban e de ter falhado na frente da guerra, mas também na erradicar da corrupção – o que com certeza teria sido mais fácil se a democracia tivesse sido implementada no terreno, uma vez que foi precisamente a corrupção um dos temas essenciais para que a insurgência tivesse avançado de forma tão rápida.

Biden voltou ao argumento de que a missão dos Estados Unidos era prevenir o terrorismo e acabar com a Al-Qaeda, o que teve sucesso, enquanto as tentativas de construir uma nação falharam. E conclui dizendo que não vai passar a guerra para um quinto presidente: “É a decisão certa para o nosso povo, a decisão certa para nossos bravos militares, a decisão certa para a América”, especificou. “Quantas gerações a mais filhas e filhos da América gostariam que eu mandasse para lutar na guerra civil do Afeganistão?”.

Recorde-se que, no início deste ano, um painel dos dois partidos norte-americanos, o democrata e o republicano, nomeado pelo Congresso dos Estados Unidos, desaconselhou a “retirada precipitada” das tropas americanas do Afeganistão. O painel alertou sobre as graves consequências se Joe Biden se permitisse ser orientado por datas e um cronograma estrito, em vez de uma avaliação realista das condições locais.

Entretanto, nas televisões norte-americanas, a maioria dos analistas parece surpreendido com o teor das declarações do Presidente, que está a ser alvo de fortes críticas vindas de quase todos os quadrantes.

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