Os administradores não executivos da NOS, Jorge de Brito Pereira, Mário Leite e Paula Oliveira, renunciaram esta quinta-feira aos cargos que ocupavam na NOS, de acordo com informação comunicada pela operadora de telecomunicações ao regulador.
“Nos termos e para os efeitos do artigo 248.º A do Código de Valores Mobiliários e do artigo Senhores Dr. Jorge de Brito Pereira, Dr. Mário Filipe Moreira Leite da Silva e Dra. Paula Cristina Neves Oliveira apresentaram hoje, ao Conselho Fiscal, as respetivas renúncias aos cargos de membros não executivos do Conselho de Administração desta sociedade”, pode ler-se no comunicado.
Os três administradores não executivos da NOS envolvidos no Luanda Leaks foram chamados esta quarta-feira pelo Comité de Ética e pela Comissão de Governo Societário da empresa de telecomunicações, avança o Jornal de Negócios.
Jorge Brito Pereira, presidente do conselho de administração e advogado de Isabel dos Santos, Paula Oliveira e Mário Leite da Silva. Os três vão ser ouvidos na próxima segunda-feira, 27 de janeiro.
A decisão foi tomada na reunião do conselho de administração que teve lugar na terça-feira ao final do dia, convocada com o propósito de debater as implicações do Luanda Leaks para a companhia de telecomunicações.
Isabel dos Santos está presente na NOS através da ZOPT que detém 52,15% da empresa de telecomunicações. A ZOPT é uma sociedade detida pela Sonaecom, do grupo Sonae, e pela Kento Holding Limited, controlada pela empresária angolana.
Analisando as implicações do Luanda Leaks para a NOS, os analistas do Caixabank/BPI apontam que a Sonae pode vir a repensar a sua parceria com Isabel dos Santos na companhia de telecomunicações.
“Não excluímos o cenário em que a Sonae repensa a sua parceria com Isabel dos Santos na ZOPT, o que pode levar a algumas alterações na governação da empresa”, segundo a nota do Caixabank/BPI publicada na terça-feira.
No entanto, os analistas destacam que a equipa de gestão da NOS foi recentemente eleita. “Não antecipamos nenhuma grande mudança que podia interromper as operações das empresas”, afirmam, na nota a que o Jornal Económico teve acesso.
O Caixabank/BPI aponta que as preocupações da Sonae devem-se a “questões reputacionais e a possíveis sentimentos negativos por parte dos investidores em relação à NOS devido às notícias recentes” sobre o Luanda Leaks.
Depois das revelações sobre os negócios e operações da empresária, a Sonae veio a público na segunda-feira dizer que “está a acompanhar a situação com atenção e preocupação, sobretudo dadas as alusões feitas a vários membros não executivos do Conselho de Administração da sua participada NOS”.
“Os órgãos competentes da sociedade estão a avaliar a situação de forma rigorosa e com sentido de urgência. A NOS sempre se pautou por regras de governo societário exigentes, que vêm sendo estritamente cumpridas e continuarão a sê-lo”, segundo o comunicado.
A investigação levada a cabo pelo International Consortium of Investigative Journalists (ICIJ) que contou com a participação de 36 meios de comunicação social de 20 países expôs os negócios realizados pela empresária Isabel dos Santos.
Fruto desta colaboração, o caso Luanda Leaks fez várias revelações a partir de 715 mil documentos que foram obtidos inicialmente pela Plataforma para Proteger Denunciantes em África (PPLAAF, na sigla original) que os partilhou com o ICIJ. Em Portugal, o consórcio ICIJ é integrado pelo jornal Expresso e a televisão SIC.
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