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Juros disparam nos leilões do IGCP e fraca procura nos títulos a nove anos deixa antever mais subidas

Os títulos com maior maturidade registaram uma procura de apenas 1,27 vezes o montante colocado, o que poderá significar que os investidores perspetivam a continuação da subida das taxas de juro no futuro imediato.
9 Fevereiro 2022, 18h25

Portugal conseguiu financiar-se esta quarta-feira em 1.250 milhões de euros através de dois leilões pela Agência de Gestão da Tesouraria e da Dívida Pública (IGCP) do país, a seis e meio e nove anos e meio, com a taxa de juro nesta segunda maturidade a ultrapassar 1%.

As obrigações do tesouro a seis anos fecharam com uma taxa de juro de 0,603%, enquanto as a nove anos chegaram aos 1,008%. Face ao último leilão comparável, ambas as maturidades registaram uma subida considerável, depois de o último leilão a seis anos ter fechado com uma taxa de -0,162%  e o de nove anos ter chegado a 0,127%.

Este era um resultado já esperado, dada a subida recente dos juros soberanos nos mercados internacionais face ao aquecimento da economia e à probabilidade cada vez maior do Banco Central Europeu (BCE) seguir os seus homólogos americano e britânico na normalização antecipada da política monetária.

A análise da ActivTrades vê com “naturalidade que a operação de colocação a nove anos e meio, referente a 706 milhões, tenha registado um juro ligeiramente inferior mas similar nos 1.008%” depois dos juros a dez anos terem chegado a 1,06% na terça-feira e considera que “a operação de hoje é uma clara indicação de que os juros mais elevados estão para ficar e a perspetiva é que subam ainda mais”, citando o analista da empresa Mário Martins.

No seu discurso a seguir à reunião de política monetária de janeiro, Christine Lagarde afastou-se de posições manifestadas até ao final de 2021 em que afastava qualquer subida de juros este ano; ao invés, a posição da presidente do BCE é agora mais cautelosa, pedindo que se aguarde pela atualização das perspetivas económicas em março para que o Conselho da autoridade monetária europeia possa avaliar melhor o cenário.

“Na Europa, o Banco Central Europeu adotou uma posição mais hawkish, face a uma inflação que tem sido mais persistente, o que poderá implicar que os programas de compras de ativos acabem já este ano e posteriormente poderemos assistir a uma subida das taxas, que a acontecerem deverá ser no final de 2022 ou início de 2023. O mercado obrigacionista, numa tentativa de antecipar estes movimentos, tem caído, o que leva a uma subida das taxas”, pode-se ler na nota do Banco Carregosa sobre a emissão.

Olhando para a procura em ambos os leilões, esta foi claramente mais expressiva no de maturidade mais baixa, onde ultrapassou o dobro da quantidade oferecida. Por outro lado, no leilão a nove anos este indicador caiu consideravelmente em relação ao último equiparável, algo que pode deixar adivinhar uma continuação na subida das taxas.

“É de destacar a procura muito baixa, apenas 27% a mais do que o montante máximo disponibilizado, o que indicia a possibilidade da continuação da subida nos juros, dado que os investidores não quiseram agarrar a oportunidade agora com este juro, que é substancialmente superior aos 0.127% registados no leilão de julho de 2021”, refere Mário Martins.

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