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Kiev acusa Rússia de novo ataque a porto perto de Odessa

Moscovo, assim como Kiev, assinou, na sexta-feira passada, um acordo para desbloquear as exportações de cereais ucranianos, cruciais para a segurança alimentar global, comprometendo-se a não atacar portos e navios, nomeadamente na região de Odessa.
26 Julho 2022, 09h59

As autoridades ucranianas acusaram hoje a Rússia de “ataques maciços” no sul da Ucrânia, que atingiram sobretudo uma vila costeira perto de Odessa e o porto de Mykolaiv, apesar do acordo assinado com a ONU.

Moscovo, assim como Kiev, assinou, na sexta-feira passada, um acordo para desbloquear as exportações de cereais ucranianos, cruciais para a segurança alimentar global, comprometendo-se a não atacar portos e navios, nomeadamente na região de Odessa.

Logo no sábado, a Ucrânia denunciou um outro ataque russo ao porto comercial de Odessa, ponto-chave para a exportação de cereais pelo Mar Negro.

Num vídeo publicado hoje nas redes sociais pelo Presidente ucraniano, Volodymyr Zelensky, é possível ver casas a serem destruídas em Zatoka, uma estância balnear popular do Mar Negro, perto de Odessa.

“É de manhã. Uma vila comum de Zatoka. As pessoas estavam a descansar e a viver. Sem defesas, sem tropas. Os terroristas russos só queriam atirar”, escreveu, num comentário à publicação do vídeo.

O comando sul do exército ucraniano informou, entretanto, que estavam a ser realizados “ataques maciços de mísseis no sul da Ucrânia, com uso de aviões do Mar Negro”.

“Em Odessa, edifícios residenciais na costa foram atingidos sem causar vítimas, segundo informações iniciais”, disse o exército, em comunicado divulgado no Facebook, sublinhando que a infraestrutura portuária da região de Mykolaiv foi atingida.

O governador regional de Mykolaiv, Vitali Kim, também relatou, hoje de manhã, um “ataque maciço”, divulgando um vídeo que mostra inúmeras explosões e fumo preto.

“Uma infraestrutura crítica e uma empresa de automóveis foram atingidas sem causar vítimas, de acordo com informações preliminares”, escreveu na aplicação de mensagens por telemóvel Telegram.

“Os mísseis também atingiram a periferia da cidade e houve tentativas de danificar a infraestrutura portuária”, acrescentou.

A Ucrânia e a Rússia assinaram na sexta-feira acordos separados com a Turquia e a ONU para desbloquear a exportação de cerca de 25 milhões de toneladas de cereais presos nos portos do Mar Negro.

Numa cerimónia realizada no Palácio Dolmabahçe, na cidade turca de Istambul, com a parceria da Turquia e da ONU, foram assinados dois documentos – já que a Ucrânia recusou assinar o mesmo papel que a Rússia – devendo o acordo vigorar durante quatro meses, sendo, no entanto, renovável.

O acordo de Istambul inclui dois documentos: um sobre as exportações de cereais da Ucrânia e outro sobre a exportação de produtos agrícolas e fertilizantes russos.

Depois de dois meses de duras negociações, os documentos visaram criar um centro de controlo em Istambul, dirigido por representantes das partes envolvidas: um ucraniano, um russo, um turco e um representante da ONU, que deverão estabelecer o cronograma de rotação de navios no Mar Negro.

O acordo implica também passar a ser feita uma inspeção dos navios que transportam os cereais, para garantir que não levam armas para a Ucrânia.

A Rússia lançou em 24 de fevereiro uma ofensiva militar na Ucrânia que já matou mais de 5.100 civis, segundo a ONU, que alerta para a probabilidade de o número real ser muito maior.

A ofensiva militar russa causou a fuga de mais de 16 milhões de pessoas, das quais mais de 5,9 milhões para fora do país, de acordo com os mais recentes dados da ONU.

A organização internacional tem observado o regresso de pessoas ao território ucraniano, mas adverte que estão previstas novas vagas de deslocação devido à insegurança e à falta de abastecimento de gás e água nas áreas afetadas por confrontos.

Também segundo as Nações Unidas, mais de 15,7 milhões de pessoas necessitam de assistência humanitária na Ucrânia.

A invasão russa foi condenada pela generalidade da comunidade internacional, que respondeu com o envio de armamento para a Ucrânia e o reforço de sanções económicas e políticas a Moscovo.

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