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Kiev afirma que “nenhum país” reconhecerá “referendo ilegal” no Donbass

O governo ucraniano indicou este domingo que “nenhum país do mundo” reconhecerá o resultado de um eventual referendo anunciado pelos dirigentes da autoproclamada República separatista de Lugansk, no leste da Ucrânia, que segundo Kiev seria “ilegal”.
27 Março 2022, 17h38

“Nenhum país do mundo reconhecerá a alteração pela força das fronteiras internacionalmente reconhecidas da Ucrânia”, afirmou na sua conta da rede social Facebook um porta-voz do Ministério dos Negócios Estrangeiros ucranianos.

Kiev argumenta que esta consulta à população seria “ilegal” e que, caso seja concretizada, a Rússia enfrentaria uma “resposta internacional” mais contundente que as atuais sanções, aprofundando o seu “isolamento”.

A reação da diplomacia de Kiev segue-se às declarações de Leonid Paschenik, líder da autoproclamada República popular de Lugansk, que anunciou que num “futuro próximo” poderá ser organizado um referendo sobre a integração deste território russófono na Rússia, segundo a agência oficial russa TASS.

“Julgo que num futuro próximo será realizado um referendo no território da república, no qual as pessoas vão exercer o seu direito constitucional absoluto e expressar a sua opinião sobre quem pretende unir-se à Federação da Rússia”, indicou.

Em 21 de fevereiro, o Presidente russo, Vladimir Putin, reconheceu a independência das autoproclamadas repúblicas populares de Lugansk e Donetsk, na região ucraniana do Donbass e controladas por separatistas pró-russos.

Três dias depois desencadeou uma ofensiva militar para “desnazificar” e “desmilitarizar” a Ucrânia, com o argumento de que o exército ucraniano estava a cometer um “genocídio” da população russófona no Donbass, e quando se intensificavam os ataques das forças de Kiev contra os territórios separatistas.

De acordo com diversos peritos militares, e na sequência da concentração de tropas russas junto às fronteiras ucranianas desde finais de 2021, o objetivo de Putin consiste na “libertação completa” do Donbass, onde desde 2014 se enfrentam as milícias russófonas locais e forças ucranianas, num conflito que já provocou cerca de 14.000 mortos.

Nas negociações que decorrem entre a Rússia e a Ucrânia sobre um cessar-fogo, o Kremlin exige a Kiev o reconhecimento da independência da região do Donbass e da integração da península ucraniana da Crimeia, também com maioria de população russófona e anexada pela Rússia em 2014.

Kiev tem rejeitado essas condições e continua a exigir a saída das tropas russas do Donbass e a devolução da Crimeia.

Neste contexto, o Presidente ucraniano, Volodymyr Zelensky, tem reafirmado que a integridade territorial do seu país é inegociável.

A Rússia lançou em 24 de fevereiro uma ofensiva militar na Ucrânia que causou, entre a população civil, pelo menos 1.081 mortos, incluindo 93 crianças, e 1.707 feridos, entre os quais 120 menores, e provocou a fuga de mais 10 milhões de pessoas, das quais 3,7 milhões foram para os países vizinhos, segundo os mais recentes dados da ONU, que alerta para a probabilidade de o número real de vítimas civis ser muito maior.

Segundo as Nações Unidas, cerca de 13 milhões de pessoas necessitam de assistência humanitária na Ucrânia.

A invasão russa foi condenada pela generalidade da comunidade internacional, que respondeu com o envio de armamento para a Ucrânia e o reforço de sanções económicas e políticas a Moscovo.

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