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Lagarde defende que liderança feminina é a chave para a reforma financeira

A presidente do Fundo Monetário Internacional alertou para os riscos presentes atualmente no sistema financeiro e defendeu que, dez anos depois da queda do Lehman Brothers, ainda são necessárias mudanças.
6 Setembro 2018, 07h25

A resposta à crise foi eficaz, mas os riscos para o sistema financeiros não se dissiparam, alertou Christine Lagarde, num post no seu blog, por ocasião do décimo aniversário da falência do Lehman Brothers. A presidente do Fundo Monetário Internacional (FMI) defendeu que a maior presença de mulheres em posições de topo é crucial para mudar o setor.

“Um ingrediente chave para a reforma [do sistema financeiro] seria maior liderança financeira feminina”, defendeu Lagarde, sustentando a tese em dois argumentos.

“Primeiro, maior diversidade aguça sempre o pensamento, reduzindo o potencial de pensamento de grupo. Em segundo lugar, as evidências sugerem que as líderes femininas tendem a ser mais prudentes, menos inclinadas aos tipos de decisões imprudentes que provocaram a crise”, explica.

A análise do FMI indica que uma proporção maior de mulheres nos conselhos de bancos e agências de supervisão financeira está associada a maior estabilidade. “Como já disse muitas vezes, se fosse o Lehman Sisters em vez do Lehman Brothers, o mundo poderia ser muito diferente hoje”, sublinhou, em referência ao banco que acabou, em 2008, por se tornar a maior falência de sempre.

Dez anos depois da queda da histórica instituição, Lagarde defendeu que percorremos um longo caminho, mas não é suficiente. “O sistema está mais seguro, mas ainda não seguro o suficiente. O crescimento recuperou, mas ainda não é suficientemente partilhado”, afirmou.

Lagarde alertou que o mundo está atualmente diante de novas linhas de falha pós-crise, apontando para uma possível reversão da regulamentação financeira, para as consequências da excessiva desigualdade, para o protecionismo e políticas voltadas para dentro bem como para o aumento dos desequilíbrios globais.

“A forma como reagimos a esses desafios determinará se interiorizámos completamente as lições do Lehman. Nesse sentido, o verdadeiro legado da crise não pode ser adequadamente avaliado após dez anos – porque ainda está a ser escrito”, acrescentou a presidente do FMI.

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