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Lar de Reguengos: Ordem dos Médicos e Costa dizem que cabe agora às autoridades competentes apurarem responsabilidades

Depois da auditoria realizada pela Ordem dos Médicos, e de outras como a da Segurança Social, o bastonário e o primeiro-ministro apontaram que cabe agora a diversas entidades – como o Ministério Público – apurar responsabilidades nas 18 mortes provocadas por um surto de Covid-19 num lar de idosos em Reguengos de Monsaraz.
  • Bastonário da Ordem dos Médicos, Miguel Guimarães
25 Agosto 2020, 12h19

O bastonário da Ordem dos Médicos e o primeiro-ministro disseram hoje que o caso das 18 mortes provocadas por um surto de Covid-19 num lar de idosos em Reguengos de Monsaraz está agora nas mãos de várias autoridades que terão de avaliar este caso e tirar as devidas conclusões.

“A situação esta entregue as autoridades competentes nomeadamente ao Ministério Público, Ordem dos Advogados e Inspeção-Geral de Atividades em Saúde”, disse hoje Miguel Guimarães após uma reunião com o primeiro-ministro depois de dias de tensão entre os dois responsáveis devido ao caso do lar de idosos em Reguengos de Monsaraz, distrito de Évora,

Por sua vez, também o  primeiro-ministro espera pela conclusão da avaliação por parte das autoridades competentes.

“Claro que não podemos nunca confundir a árvore com as florestas, seja nos lares, seja a atuação de um médico, seja nos lares. Em relação a casos concretos, as autoridades competentes apurarão com a informação que já esta disponível”, afirmou António Costa, numa declaração sem direito a perguntas dos jornalistas.

A tensão entre o Governo e a Ordem dos Médicos subiu de tom no domingo depois de ter sido revelada nas redes sociais um vídeo onde o primeiro-ministro criticava a atuação dos médicos no lar de idosos de Reguengos de Monsaraz. “É que o presidente da ARS [Autoridade Regional de Saúde] mandou para lá os médicos fazer o que lhes competia e os gajos, cobardes, não fizeram”, segundo disse António Costa na gravação feita pelo “Expresso” à margem da entrevista realizada pelo jornal e publicada no sábado passado.

Este vídeo contém uma conversa privada (em off the record) entre os jornalistas do “Expresso” e o primeiro-ministro e foi divulgado sem a autorização do semanário, conforme esclareceu o jornal na segunda-feira.

No final da reunião de hoje com o primeiro-ministro, o bastonário dos médicos deixou uma “palavra de solidariedade forte aos médicos que trabalharam no lar de Reguengos de Monsaraz: fizeram um trabalho magnífico”, segundo as declarações feitas à saída da reunião com António Costa no Palácio de São Bento em Lisboa.

“O senhor primeiro-ministro transmitiu de forma clara o respeito e confiança dos médicos portugueses, o que espera dos médicos nesta época, deixou uma palavra também do que e a valorização do trabalho destes profissionais de saúde”, afirmou Miguel Guimarães.

Já António Costa qualificou a conversa com o bastonário como “muito franca” e “bastante útil para troca de informações”.

O governante disse que o sistema de lares de idoso “tem que merecer uma reflexão profunda da nossa sociedade”, pois assenta num esforço enorme de lares da Misericórdia ou IPSS.

O primeiro-ministro também sublinhou nas suas declarações que um “idoso internado numa residência ou lar não deixa de ser um cidadão português, com direito a assistência de saúde”.

Na segunda-feira, o bastonário da Ordem dos Médicos veio a público criticar as declarações do primeiro-ministro. “As declarações foram infelizes. Ofenderam os médicos, que se sentem indignados com esta situação”, disse Miguel Guimarães na segunda-feira.

“A ideia do pedido de reunião ao senhor primeiro-ministro para conversarmos sobre esta matéria é explicar porque é que fizemos auditoria. No fundo, que ele possa ouvir o que nós pensamos”, destacou.

O bastonário disse que a auditoria realizada pela Ordem dos Médicos “não foi feita para condenar ninguém. A auditoria foi feita para cuidados que tinham sido ou não prestados, às normas da DGS que tinham ou não cumpridas, porque teve um impacto muito grande nas pessoas que la estavam, os idosos que são as pessoas mais frágeis, com um numero de mortes elevada, e o objetivo final da auditoria para saber se há ou não responsabilidades das pessoas envolvidas nesta questão do lar de Reguengos de Monsaraz, mas sobretudo para que esta situação não se repita noutras instituições com lares e esse é o objetivo fundamental”.

Já o líder do PSD defendeu na segunda-feira que o Governo devia divulgar o relatório da Segurança Social sobre este caso e que foi enviado para o Ministério Público a 16 de julho.

“O Governo tem dito que há um relatório oficial que até foi mandado para o Ministério Público. A minha pergunta é: mas não se pode saber o que diz o relatório oficial? Temos de continuar nesta confusão, com uns a responsabilizarem os outros, sem sabermos exatamente o que aconteceu?”, questionou hoje Rui Rio.

“Não percebo porque é que não é dado conhecimento publico do que é esse relatório oficial e do da Ordem dos Médicos, embora sobre esse já lemos um ou outro aspeto”, disse o líder do PSD esta segunda-feira.

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