[weglot_switcher]

“Lego Serious Play”, a brincadeira que os empresários fazem para perceber onde inovar

“A ideia é utilizar os princípios de ciência que são por detrás do Lego, muito ligados à criatividade – somos muito criativos quando estamos num contexto mais descontraído – e aplicá-los à resolução de problemas de negócios”, explica Paulo Malta, ‘managing partner’ da Innovsky, ao Jornal Económico.
5 Maio 2023, 18h10

E se os gestores pudessem “brincar a sério”? Este é o principal conceito do método de formação para executivos “Lego Seriou Play”, que nasceu em 1996 e ainda dá cartas nas estratégias de consultoria de inovação. O managing partner da Innovsky, uma boutique de consultoria portuense, utiliza-o com equipas de profissionais para desenvolver vários sectores e explica ao Jornal Económico em que consiste. “Somos uma boutique, porque não acreditamos em outsourcing de inovação. Uma organização é que consegue perceber onde é que ela efetivamente é boa. O processo pode é ser facilitado”, disse Paulo Malta, numa entrevista à margem da conferência Dare2change.

O que é a Lego Serious Play?

É uma metodologia que foi criada por inspiração da Lego, a partir de um dos fundadores da Lego que há alguns anos acharam que faria sentido usar os mesmos princípios que estão por trás da lógica que as crianças brincam com Lego – há uma componente de ciência por trás – para o contexto dos negócios. Mais tarde, a Lego adquiriu a metodologia, começou a utilizá-la internamente e até chegou a criar uma unidade de consultoria. Não funcionou muito bem, porque para a Lego, enquanto fabricante de brinquedos, era estranho estar a fazer consultoria para outras empresas e, portanto, acabou por disponibilizar a metodologia em open source [aberta] na internet. As pessoas que a tinham desenvolvido saíram da Lego e criaram uma organização própria. Hoje, há certificados na metodologia espalhados pelo mundo e eu sou deles.

Em que consiste?

A ideia é utilizar os princípios de ciência que são por detrás do Lego, muito ligados à criatividade – somos muito criativos, normalmente, quando estamos num contexto mais descontraído – e aplicá-los à resolução de problemas de negócios. É muito atrativo do ponto de vista visual e comunicacional. Podemos utilizar a lógica subjacente aos legos para resolver qualquer desafio. Na Innovsky, esta é uma pequena parte daquilo que fazemos enquanto boutique de consultoria. Trabalhamos, fundamentalmente, estratégias de inovação e gestão da inovação. A inovação é aquele tema que se eu tiver dez pessoas a perguntarem o que é a inovação tenho dez respostas diferentes, portanto, há muito trabalho ao nível de clarificar, dentro de cada empresa em particular, por exemplo, ao nível dos novos produtos para o próximo ano, ou mais a médio ou longo prazo.

Onde é que vê o maior potencial desde método?

É diferente do que se costuma fazer. Em conjunto com outro professor em Lisboa, na Nova School of Business and Economics, temos um programa de introdução ao Lego Serious Play para ajudar os executivos a perceberem o que é o método e qual é o seu o potencial. Na minha perspetiva, um dos aspetos mais importantes é aquela lógica de que toda a gente tem a oportunidade de contribuir com o seu ponto de vista pronto. Dependo do número de pessoas que tenho na sala, consigo que todos deem a sua opinião. E não é só dar a opinião, mas fazer com que todos percebam qual é que é a opinião daquela pessoa e, em cima disto, “construir”: perceber onde é que existe consenso, quais são as áreas consensuais e as que geram divergências.

E quando são soluções mais disruptivas?

Normalmente, quando são assim coisas não tão incrementais, há diferentes perspetivas, porque há pessoas que acham que faz sentido e outras que pensam que o caminho não será por aí. Torna-se muito interessante utilizar esta metodologia, para perceber que áreas têm de ser exploradas. É perfeitamente transversal a qualquer sector.

Porque é que não acredita no ‘outsourcing’ para a inovação?

Somos uma boutique exatamente porque não acreditamos em outsourcing de inovação. Ou seja, uma organização é que consegue perceber onde é que ela efetivamente é boa. Consegue desenvolver a sua perspetiva de futuro e, depois, vai-se adaptar e encontrar o seu ponto no mercado que lhe permite ser não só inovadora como competitiva. O processo pode apenas ser facilitado. Trabalhamos com equipas de executivos a ajudá-los a refletir sobre quais são os pontos fortes da sua organização, qual é sua perspetiva de mercado e o seu papel naquele segmento de mercado. A maior parte dos nossos clientes são da indústria, nomeadamente o sector agroalimentar, na Europa (Portugal, países nórdicos – temos uma parceria com uma consultora sueca – e Alemanha).

Copyright © Jornal Económico. Todos os direitos reservados.