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Lei ambiental trava venda de modelos de luxo na China

O maior mercado mundial de automóveis tem novas leis ambientais. E isso está a prejudicar as marcas de luxo, que já iniciaram esforços para alterar a situação.
18 Julho 2017, 11h43

O apetite insaciável do mercado chinês por bens de luxo tem feito as delícias de muitas marcas europeias de topo. Até há bem pouco tempo, isso era também verdade para construtores automóveis de luxo, como a McLaren, a Lamborghini ou a Aston Martin. Durante muito tempo, os chamados “construtores de baixo volume”, que produziam pequenas séries de modelos ultra luxuosos, estavam isentos da obrigatoriedade de cumprir uma lei ambiental local, que avaliava se os modelos em causa cumpriam os limites de emissões ao fim de 160 mil km.

Mas desde março que, por ocasião da implementação na China da legislação que ficou conhecida por Lei do Ar Puro, estes construtores deixaram de ter direito à isenção, concedida porque, na maioria dos casos, estes modelos só são conduzidos durante 5000 km a cada ano.

Apanhados de surpresa, os resultados têm sido nefastos. Ao Financial Times, um executivo de uma das empresas visadas por esta alteração legislativa afirma que “existe uma grande lista de espera de veículos. Não conseguimos colocar carros no país no segundo trimestre do ano”.

Não é certo se esta alteração legal surge no seguimento do endurecimento das regras anticonsumo duvidoso lançado pelo presidente chinês, Xi Jinping, há cerca de cinco anos e que inclui, desde dezembro passado, um imposto extra de 10% sobre produtos que custem mais de 165.000 euros “para apoiar o consumo razoável”.

Reação rápida
Depois de alguns meses de impasse, a disputa originou uma movimentação diplomática de larga escala, com a embaixadora britânica a escrever ao Governo chinês uma carta de protesto face a esta situação. “Sem a isenção (…) os construtores não conseguem aceder ao mercado chinês e entregar veículos a clientes que já realizaram a sua encomenda”, diz Barbara Woodward numa carta datada de 10 de julho e citada pelo Financial Times.

A Sociedade Britânica de Construtores e Comerciantes de Automóveis é da opinião que as autoridades chinesas devam ter em linha de conta as práticas regulatórias de outras regiões do globo, como a Europa ou os EUA, que isentam estes modelos dos testes de resistência que têm de ser cumpridos pelos construtores premium e de volume.

Ao mesmo tempo, um dos gestores da McLaren viajou para Pequim para se encontrar com membros da administração chinesa, de acordo com duas fontes ligadas a este processo.

As novas regras dizem que os modelos lançados antes da alteração legislativa, mantêm a isenção, mas todos os modelos lançados depois de março estão obrigados a realizar os “testes de resistência” antes de poderem ser vendidos no país.

A Morgan, por exemplo, afirmou que a empresa tem três carros “parados a meio do processo de importação pela China (…) apesar de os modelos em causa terem sido construídos de acordo com as mesmas especificações anteriormente aceites pelas autoridades”, o que faz com que este assunto se revista “de uma grande preocupação, não apenas pelo concessionário, mas também pelo construtor e, principalmente, para os consumidores”.

Outra grande preocupação dos construtores é o tempo que demora a conseguir a certificação necessária, que pode mesmo chegar aos seis meses, diz o Financial Times, citando fontes próximas do processo. Tal demora faz com que os modelos vendidos este ano só sejam entregues em 2018. A McLaren, que diz “estar a trabalhar com as autoridades” nesta matéria, espera realizar entregas do 720S ainda este ano.

A Aston Martin afirma ter incluído um programa de certificação no seu modelo de negócio para cumprir as novas regras, ao passo que a Lamborghini diz apenas “ter conhecimento” das novas regras e que as pretende cumprir.

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