Como tem sido habitual todos os anos, em agosto tenho proposto algumas leituras. Permitam-me, portanto, abordar três livros à laia de sugestão.

O primeiro é “O império Amazon”, de Brad Stone. Talvez esta seja a obra mais interessante sobre o gigante global de retalho, hoje uma das maiores empresas do mundo, com forte presença em quase todas as fileiras da distribuição.

Como diz o autor, “hoje em dia a Amazon vende praticamente tudo e entrega os seus produtos na hora, alimenta grande parte da Internet com os seus servidores, transmite programas de televisão e filmes para as nossas casas e vende uma linha popular de assistentes virtuais.

Há quase 30 anos, era apenas um conceito a circular no quadragésimo andar de um arranha-céus de Manhattan”. Contudo, o que torna o livro interessante e diferenciador é a análise que faz do perfil de Jeff Bezos e as suas ideias, quiçá demasiado brutais, de inovação, gestão de pessoas e modelo político de sociedade. Alguns dirão que é um “pouco admirável mundo novo” o que se pressagia.

A segunda sugestão é “A teia do BANIF”, de António José Vilela, prestigiado jornalista e professor universitário, que elaborou uma obra magistral que todo o cidadão civicamente empenhado deveria ler. Arrisco dizer que deve ser livro de cabeceira de qualquer bancário, jurista, legislador ou governante que se preze.

Uma viagem, figurada, em torno de 15 anos de tráfico de influências, offshores, secretismos, e ainda às investigações judiciais a uma certa elite portuguesa e angolana. Onde se confirma que o amorfismo social descamba em custos para os contribuintes. Não foi o cidadão comum que viveu acima das suas possibilidades, mas um punhado de indivíduos que nos deixou um legado de dívida pública que nos condiciona o futuro. A ler para aprender e evitar que se repita.

A terceira é “4000 semanas, gestão do tempo para mortais”, de Oliver Burkeman, livro do ano para alguns prestigiados jornais, que nos alerta para a finitude da vida humana, para as quatro mil semanas que um ser humano tem de esperança de vida e como a armadilha da modernidade (fazer mais e muito em cada vez menos tempo), qual tapete rolante de um centro comercial, nos empurra de forma inexorável para o tentar fazer tudo. Com o inevitável fracasso e suas consequências para a saúde individual e bem-estar coletivo.

Burkeman propõe, então, um conjunto de ideias de gestão do tempo, através de uma lente que nos faz olhar para o trabalho e a produtividade de forma diametralmente oposta à que estamos habituados.

Mais haveria a sugerir, mas as férias são curtas, inevitavelmente.

Votos de boas leituras!