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Lesados da PT otimistas com venda da participação da Oi na Unitel à Sonangol

Presidente da associação que representa os lesados da PT, Francisco Mateus, considera a venda da participação de 25% na Unitel à Sonangol uma “boa notícia”, ainda que o encaixe financeiro da Oi não reverta a favor dos credores da antiga PT. “Aos credores interessa que a Oi seja sólida e que perdure, porque só assim poderão recuperar o que investiram [nos ativos da extinta PT]”, afirma em declarações ao Jornal Económico
4 Fevereiro 2020, 07h50

A Associação de Lesados em Obrigações e Produtos Estruturados (ALOPE), entidade que representa os lesados da PT/Oi, acredita que a venda da participação de 25% da Unitel por parte da Oi à Sonangol, por mil milhões de dólares (900 milhões de euros), representa uma “boa notícia” para os credores da antiga Portugal Telecom (PT).

Em declarações ao Jornal Económico, o presidente da Alope, Francisco Mateus, afirma que, “dadas as fragilidades financeiras da Oi, esta injeção de capital poderá suprir carências de tesouraria e promover o relançamento da empresa”, salientando que “aos credores interessa sobretudo que a Empresa seja sólida e que perdure porque só assim poderão recuperar o que investiram” na antiga PT, cujos ativos transitaram para a telecom brasileira Oi no âmbito da fusão entre ambas as empresas acordada em 2014.

Francisco Mateus tem a certeza, contudo, que o encaixe dos 900 milhões de euros pela Oi não será utilizado pela empresa para “pagar o que deve aos credores”. Mas o líder da ALOPE acredita que a situação chegará a bom porto.

A Oi atravessa um plano de recuperação judicial, desde 2016, para reduzir o elevado passivo, que ronda os 65,4 mil milhões de reais (cerca de 14 mil milhões de euros), e nesse sentido, “desenvolveu um compromisso assente num plano de pagamento num máximo de 25 anos”, lembra o dirigente da ALOPE.

Desde 2018 que a associação tem desenvolvido ações com o objetivo de os antigos acionistas da PT, os que não foram reembolsados pelo investimento feito nos ativos da extinta telecom portuguesa, tenham direito à sua quota parte. Por isso, a ALOPE tem tentado negociar com os bancos que venderam produtos financeiros complexos [Credit Link Notes (CLN)] ligados à extinta PT e que, após a falência do Grupo Espírito Santo (GES), nunca foram foram reembolsados.

À parte das tentativas de negociar acordos com a banca, a ALOPE quer levar ao Parlamento uma petição que propõe mecanismos extrajudiciais que permitam aos lesados da PT reaver os milhões investidos em produtos da extinta Portugal Telecom.

A ALOPE representa cerca de 700 associados.

Quanto é que a Oi com ativos da extinta Portugal Telecom
Foi na última sexta-feira, 24 de janeiro, que a operadora de telecomunicações brasileira anunciou a venda da sua participação de 25% na angolana Unitel por 900 milhões de euros para a petrolífera estatal de Angola. A venda da participação na Unitel estava prevista no plano de recuperação judicial Oi, sendo que com esta operação, a Oi já recebeu mais de 12 mil milhões de euros em investimentos da PT e com a venda de ativos que pertenciam a esta última, antes da fusão que teve lugar em 2014.

Este valor inclui os 3,7 mil milhões de euros que a PT pagou em 2010 pela compra de uma posição na Oi e inclui também a entrega de ativos da PT em Portugal, na África e na Ásia, no âmbito da fusão acordada em 2014. Estes ativos foram avaliados em dois mil milhões de euros, no acordo entre as duas operadoras. Em troca, os acionistas da PT receberam o equivalente a 37% da nova operadora luso-brasileira.

Porém, no verão de 2014 deu-se o colapso do GES e da PT, que levou à renegociação dos termos da fusão, em favor da Oi. A posição dos acionistas portugueses foi reduzida (até chegar aos quase 5% que atualmente estão hoje nas mãos da Pharol). A Oi avançou com a venda de ativos da PT, incluindo a operação portuguesa, que alienou à Altice por 7,4 mil milhões de euros.

Os dois mil milhões de dólares que a Oi vai receber pela venda Unitel e pelos dividendos em atraso da empresa angolana compõem este encaixe

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