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Líderes das cotadas portuguesas recebem 32 vezes mais do que os seus trabalhadores (com áudio)

A Jerónimo Martins tem a maior disparidade salarial da lista de empresas analisadas, seguida da Sonae e da Mota-Engil. A CEO da Sonae garante uma remuneração 77,4 vezes superior à dos trabalhadores da empresa e o CEO da Mota-Engil aufere anualmente um salário 73,3 vezes mais elevado que a média das remunerações do grupo.
26 Maio 2022, 09h27

Os CEO das empresas portuguesas cotadas em bolsa recebem, em média, 32 vezes mais do que os seus trabalhadores, de acordo com um relatório da DECO Proteste que teve por base a análise da diferença entre as remunerações anuais dos CEO e dos seus trabalhadores nas principais empresas portuguesas.

A Jerónimo Martins tem a maior disparidade salarial da lista de empresas analisadas, seguida da Sonae e da Mota-Engil.

Em 2021, o Presidente da Comissão Executiva da Jerónimo Martins recebeu 3 075 milhões de euros, um aumento de 19,3% em relação ao ano anterior. Segundo a DECO Proteste, em causa está um valor 262,6 vezes superior à média dos salários dos restantes funcionários do grupo.

Estes dados “ajudam a perceber as grandes diferenças em matérias de remuneração dos CEO em Portugal. Em teoria, a política de remunerações necessita do voto vinculativo dos acionistas. No entanto, a declaração sobre a política de remunerações é, na prática e na maioria dos casos, muito vaga e não permite que seja votada, de forma individualizada, a remuneração dos membros do conselho de administração, ao contrário do que defendemos”, comentou João Sousa, Coordenador da Proteste Investe.

De acordo com João Sousa, “é desejável que a remuneração de cada administrador seja objeto de votação anual em assembleia geral de acionistas. Outro aspeto importante é fixar um máximo para o rácio entre a remuneração do presidente da comissão executiva e a média dos restantes trabalhadores. Ainda que possa variar em função do setor de atividade, é necessário haver limites”.

A CEO da Sonae garante uma remuneração 77,4 vezes superior à dos trabalhadores da empresa e o CEO da Mota-Engil aufere anualmente um salário 73,3 vezes mais elevado do que a média das remunerações do grupo.

“As áreas geográficas de atuação de algumas das empresas analisadas ajudam a explicar estas diferenças, tendo em conta o contexto social e económico de alguns países pouco desenvolvidos em África ou na América Latina. Porém, a disparidade é bastante elevada”, explica a DECO Proteste numa nota enviada à imprensa.

De acordo com a organização de defesa do consumidor, entre as 14 de 15 empresas no índice PSI (não considerando a GreenVolt dado que entrou recentemente), e a Cofina, Impresa e Novabase, as diferenças são significativas, existindo um rácio superior a 20 em 11 das 17 empresas analisadas

“Para o conjunto das 17 empresas, o rácio passou, entre 2020 e 2021, de 29,6 para 32,2. Na base desta subida está, sobretudo, o aumento da remuneração variável dos CEO (+27,8%), nomeadamente na Mota-Engil, Navigator, BCP, Impresa, EDP, Sonae e Semapa, que pode ser parcialmente explicado pela melhoria dos resultados das empresas, mas não na sua totalidade. Em comparação, o vencimento médio dos restantes trabalhadores aumentou, no mesmo período, apenas 2,7 por cento”, explica a organização na mesma nota.

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