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Macron assume cruzada anti-populista no G20

O presidente da França chegou a Buenos Aires, capital da Argentina, como porta-voz da globalização, do livre comércio e da luta contra o aquecimento global.
  • Juan Ignacio Roncoroni / EPA
30 Novembro 2018, 08h44

Emmanuel Macron não resiste a um palco internacional: longe de casa, a sua postura é sempre de destaque em relação aos demais e a sua presença na cimeira do G20 não é exceção: o presidente francês fez saber que está na capital da Argentina como uma espécie de cruzado em defesa da globalização, do livre comércio e da luta contra as alterações climatéricas.

Uma cruzada contra alguns dos homens que, no final da cimeira tirarão consigo a foto de família. Donald Trump é um deles, Michel Temer, o presidente brasileiro que se despede das cimeiras onde nunca brilhou, é outro.

Macron dedicou o dia anterior à abertura da cimeira do G20 a realizar reuniões culturais, antes de se encontrar com o presidente argentino Mauricio Macri e divulgar a sua mensagem. O presidente francês insistiu que a Arábia Saudita e Turquia devem “chegar ao fundo” nas investigações sobre o assassinato do jornalista Jamal Khashoggi, que parece envolver diretamente o príncipe saudita Mhohamed bin Salman, presente na cimeira.

Alvo de todas as críticas, bin Salman permanece fechado há mais de 24 horas na embaixada saudita, transformada num bunker. Macron, por outro lado, desfruta da sua popularidade e tem passeado pelas ruas a apertar as mãos a quem com ele se cruza.

Numa entrevista ao jornal ‘La Nación’, Macron já havia anunciado a sua intenção de utilizar a cimeira do G20 para reunir “aqueles que não só querem preservar o acordo de Paris, mas ir mais longe” e alertou para a risco de uma guerra comercial aberta entre os Estados Unidos e a China, que seria “destrutiva para todos”.

“Se não obtivermos acordos concretos, as nossas reuniões internacionais tornam-se inúteis e até contraproducentes”, disse. Isso mesmo pode acontecer nesta cimeira, cujo sucesso ou fracasso está realmente decidido no último minuto, durante o jantar de sábado.

Após a reunião entre Macri e Macron, o presidente da Argentina salientou a necessidade de finalmente haver um acordo entre a União Europeia e o Mercosul, após duas décadas de negociações. Macron mostrou-se mais cético e colocou em prática o seu plano: explicou que talvez essas negociações sejam agora mais difíceis, depois de os brasileiros elegerem o extremista de direita Jair Bolsonaro.

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