Se a situação de pandemia não é animadora para as empresas com maior robustez financeira, melhor cenário económico não se augura para aquelas que ainda “agora” começaram o seu negócio. Dezenas de empreendedores, CEO e diretores de startups com escritórios em Portugal responderam a um inquérito sobre os efeitos do novo coronavírus na sua empresa e as conclusões demonstram que quase metade (44,9%) está preocupada que a pandemia leve mesmo ao encerramento de portas.
Depois de reunir respostas de 78 responsáveis de startups, concluiu-se que 73,1% está a sofrer um impacto negativo com o surto, porque cerca de metade das inquiridas confessa que está com quebras nas vendas superiores a 50% – para 43,9% das empresas as vendas caíram mais de 60%, segundo um sondagem realizada pela consultora Aliados Consulting em parceria com a agência de comunicação de tecnologia FES Agency.
O relatório, que teve por base entrevistas realizada entre os dias 21 e 24 de março de 2020, concluiu ainda que 60,3% não mostram otimismo na melhoria da sua situação financeira e acredita que venha mesmo a piorar.
As empresas mais pequenas necessitam essencialmente de financiamento de curto prazo, ajudando-as a ultrapassar a crise sanitária e económica causada pelo surto. Há necessidade de novas medidas que incentivem business angels e sociedades de capital de risco a continuar a investir, de forma a garantir a sobrevivência das startups (com e sem financiamento), que já operam no mercado.
Mas há boas notícias: a maioria das startups não está a considerar ainda cortes de salários (70,5%) ou despedimentos (75,6%). Além disso, há startups que estão a sentir o impacto da Covid-19, mas de uma maneira positiva. É o caso de 6,4% das participantes nesta análise, que operam essencialmente na área de saúde e bem-estar.
Quando questionados sobre as medidas que o Governo anunciou para auxiliar as empresas, as startups descaram: o lay-off simplificado imediato e sem requisitos; os critérios de acesso ao financiamento, de curto e médio prazo, alinhados com a situação específica das startups; as rondas de financiamento (bridge rounds) apoiadas pela Instituição Financeira de Desenvolvimento (IFD) e aceleração dos pagamentos e reembolsos do financiamento obtido via Portugal2020, por exemplo.
“As startups têm algumas características que as distinguem das restantes empresas. E uma delas, está relacionada com as vendas. Dada a natureza inovadora e o potencial de escala, as startups podem, numa fase inicial, não apresentar vendas, sendo que, por vezes, essa situação prolonga-se por vários meses e até anos. Assim, estas empresas não poderão beneficiar de muitas das medidas propostas pelo Governo”, alerta o documento divulgado esta quinta-feira.
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