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Mais pessimista, Bruxelas corta projeção do crescimento da economia portuguesa para 4,1% este ano

A Comissão Europeia vê o PIB português a contrair 2,1%, em cadeia, no primeiro trimestre, recuperando para 1,8% no segundo trimestre deste ano. As projeções de Bruxelas estão fortemente ancoradas numa forte recuperação do turismo no verão, ajudada pelo consumo no resto do ano.
11 Fevereiro 2021, 10h00

A economia portuguesa deverá recuperar a partir do segundo trimestre, depois da queda esperada no primeiro trimestre do ano, segundo as projeções da Comissão Europeia. A expectativa de retoma depois da confinamento não impediu Bruxelas de estar mais pessimista, revendo em baixa as projeções para o crescimento de Portugal este ano, vendo agora o PIB português a expandir 4,1%, menos 1,3 pontos percentuais (p.p.) do que no relatório anterior.

“Com a introdução de um lockdown mais rígido em meados de janeiro de 2021, projeta-se que o PIB caia novamente no primeiro trimestre de 2021, antes de começar a recuperar a partir do segundo trimestre do ano, com a principal recuperação nos meses de verão”, refere o executivo comunitário, que está mais otimista para 2022, para o qual projeta um crescimento da economia portuguesa de 4,3%, mais 0,8 p.p. do que anteriormente.

Para o primeiro trimestre do ano, a Comissão Europeia vê o PIB português a contrair 2,1%, em cadeia, recuperando para 1,8% no segundo trimestre e crescendo 4,1% no terceiro trimestre e 0,8% no último trimestre.

Bruxelas assinala que este cenário “acarreta expectativas de uma recuperação notável do turismo no verão, especialmente nas viagens intra-União Europeia e uma recuperação mais gradual daí para a frente”, ainda que projete que o setor do turismo continue abaixo do nível anterior à crise até ao final de 2022.

“Um retorno aos níveis pré-pandémicos é esperado no final de 2022, mas os riscos continuam significativos devido à grande dependência do país do turismo estrangeiro, que continua a enfrentar incertezas relacionadas com a evolução da pandemia”, salienta o relatório das projeções de inverno, publicado esta quinta-feira.

A recuperação económica também deverá ser impulsionada pelo consumo. “Projeta-se que a procura reprimida do consumidor e o aumento esperado no sentimento de negócios impulsionem a recuperação económica. Prevê-se também que o consumo privado beneficie de um mercado de trabalho relativamente resiliente, onde a queda do emprego em comparação favoravelmente com a produção e as transferências sociais públicas deem um maior apoio aos rendimentos”, vinca.

Os técnicos da Comissão assinalam que a economia portuguesa contraiu acentuadamente em 2020, “quando a propagação da pandemia Covid-19 afetou fortemente todos os aspectos das atividades sociais e empresariais, com um impacto particularmente forte no setor hoteleiro do país”, com uma queda do PIB estimada de 7,6% no ano passado, segundo os dados preliminares do Instituto Nacional de Estatística.

“As taxas trimestrais acompanharam a evolução da pandemia e a consequente introdução de medidas de restrição”, refere Bruxelas, salientando que depois de uma queda acumulada de cerca de 17% no primeiro semestre de 2020, o PIB recuperou 13,3%, em cadeia, no terceiro trimestre do ano passado. Contudo, no entanto, o ressurgimento das infeções trouxe novas restrições no fim do ano e o crescimento do PIB enfraqueceu para 0,4% no último trimestre.

Ainda numa radiografia ao ano passado, realça que as exportações de serviços e o investimento em equipamentos registaram as maiores quedas em 2020, mas o consumo privado também caiu significativamente enquanto a poupança aumentou significativamente. Por outro lado, o investimento na construção continuou a crescer, “ajudado pelo ciclo de projetos financiados pela União Europeia”.

A Comissão Europeia prevê ainda que o IHPC aumente 0,9% em 2021 e 1,2% em 2022, depois de ter caído ligeiramente 0,1% em 2020. O aumento projetado dos preços da energia deverá ser o principal motor da inflação no primeiro semestre de 2021, seguido por uma aceleração gradual dos preços dos serviços a partir do terceiro trimestre deste ano.

O executivo comunitário não inclui as medidas especificadas no draft do Plano de Recuperação e Resiliência, além das previstas no Orçamento do Estado para 2021, não são contabilizadas nas previsões e constituem um risco ascendente.

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