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Marinha britânica vai proteger zonas de pesca do Reino Unido em caso de Brexit sem acordo

Governo britânico anunciou recurso a navios de guerra para evitar confrontos entre pescadores do Reino Unido e dos países da União Europeia na sua zona económica exclusiva. Decisão está a ser criticada por deputado conservador que já foi ministro da Defesa.
  • Marinha Real Britânica
12 Dezembro 2020, 18h02

Quatro navios de patrulha da Marinha Real Britânica estarão prontos a partir do primeiro dia de 2021 para ajudar a proteger as águas pesqueiras do Reino Unido no caso de o período de transição do Brexit terminar sem acordo sobre futuros laços com a União Europeia, disse o Ministério da Defesa britânico, citado pela Reuters.

Depois do anúncio, surgiram preocupações sobre possíveis escaramuças entre navios de pesca britânicos e estrangeiros se nenhum acordo comercial for alcançado, pois as regras de transição existentes que dão aos barcos da União Europeia (UE) acesso às zonas de pesca do Reino Unido devem expirar no final deste ano.

“O Ministério da Defesa conduziu um extenso planeamento para garantir que esteja pronto para uma série de cenários no final do período de transição”, disse um porta-voz.

Os navios de 80 metros terão o poder de intercetar, revistar e apreender todos os barcos de pesca de Estados-membros da UE que operam na zona económica exclusiva (ZEE) do Reino Unido, que se estende por 200 milhas (320 quilómetros) a partir da costa.

O jornal “The Guardian” já tinha noticiado anteriormente que dois navios seriam colocados em ação para o caso de os barcos de pesca da UE entrarem na ZEE.

Tobias Ellwood, o deputado do Partido Conservador que preside o comité de Defesa do Parlamento do Reino Unido, criticou este desenvolvimento, afirmando que “estamos a enfrentar um aliado da NATO enquanto cada vez mais submarinos e drones russos percorrem essas mesmas águas”, referindo-se a uma “Marinha sobrecarregada”.

“Os nossos adversários devem estar a gostar muito disso”, acrescentou, em tom irónico, o antigo ministro da Defesa britânico, em declarações à BBC.

O ministro francês dos Assuntos Europeus, Clement Beaune, disse na quinta-feira que a França compensaria os seus pescadores e tomaria outras medidas para ajudá-los se as negociações sobre um acordo comercial fracassassem, num esforço para evitar confrontos em alto mar.

O Reino Unido saiu da UE em janeiro, mas permanece enquanto membro informal até 31 de dezembro – final de um período de transição durante o qual permaneceu no mercado único e na união aduaneira.

O primeiro-ministro britânico Boris Johnson e a presidente da Comissão Europeia, Ursula von der Leyen, disseram nesta sexta-feira, 11 de dezembro, durante o Conselho Europeu que decorreu presencialmente em Bruxelas, que é improvável que um acordo comercial seja alcançado.

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