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Mário Centeno não vai a votos mas continua na corrida ao FMI

O ministro das Finanças português anunciou a sua saída da votação que vai ter lugar amanhã pelos ministros das Finanças europeu, mas continua na corrida para suceder a Christine Lagarde.
  • José Sena Goulão/Lusa
1 Agosto 2019, 20h13

O nome de Mário Centeno não vai entrar na votação pelos ministros das Finanças da União Europeia que vai ter lugar amanhã, sexta-feira. O ministro das Finanças continua assim na corrida ao FMI, apurou o Jornal Económico junto de fonte próxima do Governo.

Na sua conta de Twitter, o ministro das Finanças anunciou que o seu nome não vai estar entre os nomes que vão ser votados amanhã. Isto acontece porque existe uma divisão entre os países europeus.

No entanto, se nenhum nome obtiver uma maioria qualificada e se os países europeus decidirem negociar para encontrar um candidato consensual, então Mário Centeno continua disponível para ser nomeado, num cenário com menos crispação entre os parceiros europeus.

“Para encontrar um candidato da União Europeia para liderar o FMI, como outras importantes decisões da União Europeia, precisamos de encontrar uma base comum”, começa por escrever Mário Centeno na sua conta oficial de Twitter.

“Eu quero ajudar a encontrar um consenso, portanto não vou tomar parte nesta fase do processo (o voto de amanhã). Estou disponível para trabalhar em prol de uma solução que seja aceitável para todos”, afirmou.

 

 

O ministro português e presidente do Eurogrupo parecia colocar um fim à aventura que o levaria a substituir a mulher que muitos consideram uma das ‘coveiras’ da competitividade da economia portuguesa nos anos de fogo da intervenção da ‘troika’ – mas que, curiosamente, acabou por aderir, ao menos em parte, às alternativas lideradas precisamente por Mário Centeno.

Aparentemente não é bem assim: com este tweet, o ministro português parece estar a pretender subtrair-se à guerra de lugares que ocorreu ao longo desta semana em torno da questão do FMI – não estando por isso disponível para fazer parte do ‘circo’ que foi montado à sua volta. Coisa diferente desta é que não esteja disponível para liderar o FMI: parece continuar a estar, uma vez cumprida a tradição – que determina uma escolha negociada e consensual, tomada em torno de uma mesa e não na praça pública.

A eleição do próximo presidente do FMI estava envolta, desta vez, numa série de peripécias – que não serão alheias às dificuldades que a União Europeia tem sentido para eleger os seus órgãos de topo desde que as últimas eleições europeias determinaram uma pulverização das forças políticas e a perda de dimensão dos partidos que lideram a União há décadas.

As últimas notícias davam conta de que, da lista de cinco candidatos para suceder a Christine Lagarde já não constariam os nomes de Centeno e também de Nadia Calviño, a ministra da Economia espanhola – os dois representantes da Península Ibérica. Da lista, a apresentar com data limite de 6 de setembro, constarão agora três nomes: Jeroen Dijsselbloem, antigo ministro das Finanças holandês e antecessor de Centeno na liderança do Eurogrupo, a búlgara Kristalina Georgieva, diretora do Banco Mundial e o governador do Banco da Finlândia, Olli Rehn.

Numa primeira ronda de conversações liderada pelo ministro das Finanças francês, Bruno Le Maire, que está a coordenar a escolha do candidato europeu à liderança do FMI, ficaram definidos estes três nomes. O governo de Emmanuel Macron tem estado muito ativo nesta frente, como aliás esteve a quando das nomeações para a Comissão Europeia e para o Conselho Europeu. Para os analistas, os avatares de Paris surgem numa altura em que o presidente quer chegar à cimeira do G7 – a realizar em agosto em Biarritz – com uma posição reforçada, o que pressupõe o posicionamento internacional de franceses no topo dos centros de decisão.

Neste quadro, a agência a Bloomberg diz que França está inclinada para apoiar Kristalina Georgieva, sendo que a búlgara deverá também contar com o apoio dos Estados Unidos – o que a coloca no topo da lista, depois de ter perdido para António Guterres a ‘corrida’ à secretaria-geral da ONU.

Quanto a Jeroen Dijsselbloem, o antigo presidente do Eurogrupo, que teceu alguns comentários sobre os europeus do Sul e a forma como estes gastam, na sua ótica mal, o seu dinheiro – e que gerou uma onda de indignação nestes países – parece ser o preferido por parte da Alemanha.

Desde a sua criação em 1944, o FMI foi sempre liderado por um europeu, enquanto a liderança do Banco Mundial é ocupada por um norte-americano. São os votos de cada ministro das Finanças da UE que vão permitir eleger o candidato se conseguirem atingir uma maioria qualificada — cruzando 55% dos Estados com 65% da população europeia. Caso não resulte à primeira, seguem-se rondas adicionais, até o próximo diretor do FMI ser encontrado.

 

  • Notícia corrigida: O JE avançou inicialmente que Mário Centeno iria desistir da corrida ao FMI. Esta informação estava errada, pois Mário Centeno continua na corrida ao FMI, apesar de não entrar na votação que vai ter lugar na sexta-feira
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