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Mário Ferreira diz que empréstimo do Banco de Fomento à Pluris tem juro até 9,5%

O Banco Português do Fomento (BPF) aprovou a candidatura de 12 empresas ao Programa de Recapitalização Estratégica do Fundo de Capitalização e Resiliência (FdCR) no valor de 76,7 milhões de euros. Dos quase 77 milhões de euros, 40 milhões foram aprovados para a Pluris. 
6 Julho 2022, 09h40

O empresário Mário Ferreira reagiu no Facebook às notícias sobre o facto de a sua empresa Pluris Investments ir receber mais de metade dos apoios do Banco Português do Fomento (BPF)  já aprovados para ajudar as empresas a recuperar da pandemia de covid-19.

O Banco Português do Fomento (BPF) aprovou a candidatura de 12 empresas ao Programa de Recapitalização Estratégica do Fundo de Capitalização e Resiliência (FdCR) no valor de 76,7 milhões de euros. Dos quase 77 milhões de euros, 40 milhões foram aprovados para a Pluris.

“A Pluris foi selecionada pelo seu mérito, num conjunto de candidaturas que não preencheu nem de perto a totalidade dos fundos disponíveis nesta linha de 400 milhões”, escreve Mário Ferreira.

“A elegibilidade de atribuição de Fundos desta natureza, em forma de financiamento, passa por um apertadíssimo escrutínio e requisitos determinados pela Comunidade Europeia e pelo próprio Banco de Fomento, pelo que, só após se terem cumprido com um conjunto infindável de requisições e imposições – processo que em momento algum controlamos ou temos alguma ingerência – é que nos é comunicado (assim como às demais poucas empresas que igualmente passaram pelo crivo da elegibilidade por mérito próprio) que fomos selecionados para receber esse empréstimo totalmente reembolsável e a pagar juros que iniciam com spread de 2,5% e vão até aos 9,5%, mais taxa Euribor a 6 meses”, revela o dono da Douro Azul e da Media Capital.

“O Portugal dos pequeninos que despreza os empreendedores e enaltece os mangas de alpaca”, lamenta o empresário que se confessa surpreendido com o impacto da notícia. “Confesso que estava à espera do reconhecimento público de que a empresa a que presido passou todos os testes do sistema bancário e dos financiamentos da União Europeia. Enganei-me. E foram enganados os leitores a quem foi dito que a Pluris recebeu 52% dos fundos do PRR para a recapitalização de empresas. Na verdade, poucas empresas garantiram as exigentes condições de acesso e que apresentassem também garantia real de 30% do empréstimo, como segurança adicional coisa que fizemos”, desabafa.

Este “foi um dos processos mais difíceis e formais de elegibilidade de financiamento de quadros comunitários pelo qual a nossa empresa passou, o que confere ainda maior legitimidade a todo este processo. O Banco de Fomento mostrou grande profissionalismo na análise do negócio náutico que inspecionou e questionou ao detalhe”, reconhece Mário Ferreira.

De igual forma, acrescenta, “traduz que a dimensão e reputação nacional e internacional do nosso Grupo Empresarial é merecedor de confiança da CE e da banca nacional quanto à projeção futura de crescimento que procuramos sempre conferir aos nossos negócios”.

O destaque dado à atribuição de empréstimos do BPF à empresa de Mário Ferreira nasceu do comunicado divulgado pelo banco liderado por Beatriz Freitas na passada sexta-feira e dos comentários que a noticia gerou no Twitter, que foram depois comentados pela socialista Ana Gomes.

“É ridículo ver a pequenez e malícia de alguns meios de comunicação sensacionalistas, com apoio da comentadora do costume, que quiseram tentar ou estão a tentar colar este financiamento a temas relacionados com a comunicação social e em particular ao Grupo do qual sou presidente a Media Capital. Para que não existam dúvidas, o grupo Media Capital é hoje o grupo mais bem capitalizado da indústria dos media em Portugal e felizmente não precisa, nem vai precisar de capital adicional, muito menos aceitará qualquer financiamento publico”, frisa o dono da TVI e CNN.

Mário Ferreira diz que “o Grupo Pluris consolida investimentos em 40 empresas, a participação na Media Capital é apenas uma, e das mais pequenas, e o grande sector onde a Pluris tem investimentos, como é sobejamente conhecido, é no sector Turístico e, em particular, no sector Náutico, cruzeiros de rio e de mar em todo o Mundo”.

“Em Maio de 2019 integramos um aumento de capital de 250 milhões de euros por venda de 40% da área náutica, a um fundo americano. É sabido que o sector foi e está ainda a ser bastante afetado pela pandemia e agora pela guerra, achei por bem deixar aqui uns números que demonstram bem o grande trabalho que temos feito no sector do turismo náutico, e o patriotismo não reconhecido com que contribuímos todos os dias para salvar a construção naval em Portugal”, salienta o empresário.

Mário Ferreira diz que “a empresa investiu em Portugal, desde 2016, um total de 516 milhões de euros, dos quais, com esforço, investiu 272 milhões no período Covid 2020, 2021 e 2022. A Pluris teve resultados negativos em 2020 e 2021, de 57 milhões de euros e, mesmo assim, não parou de acreditar no futuro e de investir as suas poupanças e resultados passados”.

“É fácil perceber que fizemos um enorme esforço para introduzir capital próprio na empresa e temos também recorrido a financiamentos bancários que estão garantidos com valiosos ativos”, destaca o empresário que adianta que “durante todo o período pandémico fizemos ponto de honra em não ter recorrido a nenhuma moratória nem atraso em qualquer pagamento a bancos, o que qualquer banco português poderá testemunhar”.

Mário Ferreira fala de “Velhos do Restelo”, numa analogia a Camões, para descrever a origem da “facciosa notícia”.

No comunicado enviado pelo Banco de Fomento é dito que esta linha tem 400 milhões disponíveis e que, por enquanto, só passaram o rigoroso escrutínio 12 empresas, que “pelo seu mérito e viabilidade perfazem um total de utilização da linha de 76,7 milhões de euros de financiamentos”. Nesta fase ficaram por usar desta linha de financiamento 323,3 milhões de euros, destaca Mário Ferreira realçando a baixa execução desta linha do BPF.

O Banco Português de Fomento aprovou as candidaturas ao Programa de Recapitalização Estratégica no valor de 76,7 milhões de euros.

“Foram aprovadas, no dia 30 de junho, as primeiras operações ao abrigo do Programa de Recapitalização Estratégica do Fundo de Capitalização e Resiliência (FdCR), gerido pelo Banco Português de Fomento (BPF) e criado no contexto do Plano de Recuperação e Resiliência (PRR) nacional, para ajudar a reforçar o capital e a solvência de empresas viáveis. Ao abrigo da Janela B (Quadro Temporário de Auxílios de Estado Covid-19) deste instrumento financeiro, foram aprovadas operações de investimento direto com um valor total de 76,7 milhões de euros (76.696.083,00 euros), contribuindo assim para a recapitalização e o acesso a financiamento de empresas nacionais estratégicas e viáveis, afetadas pelo impacto da doença”, refere o comunicado do banco.

“São 12 as empresas nacionais a investir pelo BPF (através do FdCR) e que operam nos setores estratégicos do turismo, indústria, agricultura e alimentar: Pluris Investments, MD Group, Viagens Abreu, Coindu – Componentes para a Indústria Automóvel, Lunainvest – SGPS, ERT – Têxtil Portugal, Hubel Agrícola SGPS, Orbitur – Intercâmbio de Turismo, Têxtil António Falcão, Travel Store – Prestação de Serviços – Viagens, Enging – Make Solutions e Qualhouse – Produtos Alimentares”, revelou a empresa.

Com uma dotação global de 400 milhões de euros, através de fundos do FdCR, o Programa de Recapitalização Estratégica contempla a possibilidade de investir a par com investidores privados, e tem como principais objetivos “estimular o crescimento sustentável de longo prazo da economia portuguesa, o qual terá de responder simultaneamente à prioridade europeia da dupla transição para uma sociedade mais ecológica e mais digital, sendo estas prioridades assumidas como os principais motores para a recuperação económica e social do conjunto da economia europeia; reduzir o défice estrutural de capitalização do tecido empresarial português e, colmatar a delapidação de capitais próprios durante a crise pandémica em empresas não-financeiras relevantes e de potencial impacto futuro significativo”, detalhou o BPF.

Recorde-se que às empresas beneficiárias do Programa de Recapitalização Estratégica foi exigido o cumprimento de diversas condições de elegibilidade que permitissem demonstrar o cumprimento do princípio de “não prejudicar significativamente” o ambiente e o clima, tal como previsto na regulação europeia, bem como a respetiva viabilidade, designadamente a existência de um Plano de Negócios adequado às condições macroeconómicas atuais, que sustentem a viabilidade operacional e financeira da empresa no médio/longo prazo após a realização do investimento, sem prejuízo dos requisitos que são tipicamente exigíveis para este tipo de operações, segundo o Banco de Fomento.

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