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Marques Mendes: Venda do Novo Banco vai ser “tipo TAP”

“Estamos muito próximos da venda, mais duas ou três semanas”, referiu o comentador, antevendo uma solução em que o Estado não terá de injetar capital mas também não deverá receber no imediato.
  • Flickr PSD
5 Fevereiro 2017, 21h43

Marques Mendes salientou, no seu espaço de comentário habitual na SIC Notícias, que nesta segunda tentativa de venda do Novo Banco vimos pela primeira vez esta semana um ministro [ministra da presidência] assumir que a prioridade é a venda.

“Estamos muito próximos da venda, mais duas ou três semanas. Eu acho que isto vai ser uma venda tipo TAP, ou seja, o Estado deixa de meter dinheiro, mas receber também não recebe no imediato. O privado que ficar com o Novo Banco tem de capitalizar logo o banco em 1.000 milhões de euros este ano. Mas vai pagar em dividendos ao Fundo de Resolução no futuro e vai deixar cair a garantia de Estado”, disse Marques Mendes, reforçando o que já tinha dito na semana passada.

A edição do Expresso de ontem dizia que o Governo quer fechar a venda até março, para não prejudicar a saída de Portugal do procedimento para défice excessivo, cuja decisão informal está prevista para esse mês.

Sobre a CGD com a nova administração já em plenas funções, Luís Marques Mendes disse que Paulo Macedo “é muito competente”, repetindo a avaliação que tinha feito sobre António Domingues. Adiantou que a Caixa agora “tem um Chairman, Rui Vilar, e tem um Conselho de Administração de muita qualidade”. Vincou, contudo, que “tudo isto foi feito com muita serenidade e sem trapalhada nenhuma”, contrastando o processo com a do anterior presidente da CGD, que acabou por sair ao fim de quatro meses.

“Paulo Macedo é mais político do que António Domingues, por isso foi com a comunicação social visitar uma agência a CGD. O que é diferente do habitual”, frisou. Falta ainda aplicar o plano de recapitalização e o plano de reestruturação, lembrou o comentador. “Como vai o Governo reagir à rescisão de contrato com mais de 2000 administradores?”, questionou Marques Mendes.

Fitch foi “balde de água fria”

A agência de rating manteve Portugal em “lixo”. “Para o Governo é um balde de água fria, porque andou nos últimos tempos a investir na relação com as agências de notação. Andou a sensibilizar para subir o rating e afinal sucesso zero”, revelou o comentador.

Os motivos para o cepticismo das agências de notação, disse Marques Mendes, são a elevada dívida pública sobre o PIB e, sobretudo, o fraco crescimento económico. Portugal compara mal neste indicador com Espanha (PIB cresce mais de 3%) e Irlanda.

O Governo tem de apostar numa política de reformas e de incentivo à economia, referiu Marques Mendes, defendendo que a prioridade devia ser a aposta no investimento. Num comentário à liderança política, Marques Mendes frisou que “falta um número 2 no Governo que substitua António Costa quando este está fora. Este é um governo unipessoal”.

Sobre o Brexit, Luís Marques Mendes lembrou que há empresas sediadas em Londres que estão a preparar a mudança para outros países. “Portugal está a falhar por omissão. Não está a fazer nada e podia fazer para atrair empresas que querem sair de Londres”, disse o comentador.

“Há já países a candidatar-se a receber essas empresas, a Alemanha, a Holanda, a França,a Irlanda e Espanha. Constituíram mesmo equipes para atrair esse investimento”, lembrou. Marques Mendes recomenda que Portugal crie “uma equipe de missão, para fazer o marketing, para atrair empresas sobretudo na área dos serviços, porque Portugal tem bons quadros, e tem um regime fiscal para não residentes que é altamente atractivo [residente não habitual]”, para tentar aquilo que os outros estão a fazer”.

Eutanásia

Marques Mendes classifica o tema como complexo, e que por isso devia haver um “livro branco sobre a Eutanásia”, mostrando os prós e os contras, “para deixar às pessoas escolher com conhecimento”. Um referendo? “Só com debate prévio”. O comentador recordou que o tema não estava na agenda da campanha eleitoral dos partidos de esquerda e do actual governo.

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