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Máximo histórico. Receitas postais dispararam 17,8% para 345,2 milhões no primeiro semestre

Desde que a Anacom elabora a estatística dos serviços postais (2012) que não se tinha registado receitas postais tão elevadas. Crescimento é justificado com a recuperação do tráfego postal, crescimento das encomendas e aumento de preços nos CTT, o que influenciou a receita média por objeto.
24 Agosto 2021, 13h24

Apesar da pandemia da Covid-19 ter provocado uma “contração significativa” do tráfego postal no último ano, os serviços postais registaram um desempenho positivo nos primeiros seis meses de 2021, com as receitas postais a crescer 17,8%, para 345,2 milhões de euros, em termos homólogos. Trata-se do crescimento mais elevado desde que os serviços postais são medidos, de acordo com a Autoridade Nacional de Comunicações (Anacom).

“As receitas geradas pela prestação de serviços postais totalizaram cerca de 345,2 milhões de euros, mais 17,8% do que no período homólogo. Foi o crescimento mais elevado desde que estes dados são recolhidos (2012) e contrasta com a queda de 6,2% ocorrida há um ano”, aponta o regulador no relatório estatístico dos serviços postais do primeiro semestre do ano, divulgadas esta terça-feira.

A atividade abrangida pelo serviço postal universal representa 52,2% das receitas postais geradas nos primeiros seis meses do ano (-5,4 pontos percentuais em termos homólogos).

O crescimento das receitas postais está evidencia a recuperação do tráfego postal – sobretudo das encomendas postais. Só as encomendas passaram a representar 41,6% das receitas postais totais, mais 5,6 pontos percentuais do que no semestre homólogo. Mas, em grande medida, o crescimento das receitas está relacionado com o aumento de preços promovido pelos CTT – Correios de Portugal, operador com a maior quota de mercado, que contribuiu para o disparo de 19,1% da receita média por objeto, entre janeiro e junho.

“A receita média por objeto aumentou 19,1% face ao semestre homólogo, em resultado, nomeadamente, do aumento de preços promovido pelos CTT em 1 de junho de 2020 e do aumento do peso das encomendas”, lê-se.

De acordo com os dados estatísticos da Anacom, o tráfego postal deslizou apenas 1,1%, para 300,6 milhões de objetos, “visto que o maior impacto [da pandemia] já se tinha feito sentir no semestre homólogo”. Ainda assim, estima-se que o contexto pandémico tenha impactado -9% no tráfego postal, calculando-se “que, caso não tivesse ocorrido, o tráfego postal teria diminuído 4,7%”.

O regulador das comunicações concluiu, assim, que embora os efeitos da pandemia se façam sentir, com a eliminação gradual das restrições à circulação o tráfego postal parece ter-se-á “iniciado um processo de recuperação do choque provocado pela pandemia, o que, no entanto, deverá ser confirmado nos próximos trimestres”.

Observando o tráfego postal, o maior destaque é o tráfego de encomendas que disparou 28,9%, o maior  aumento desde 2013. Já o tráfego de correspondências, de correio editorial e de publicidade endereçada caiu 4%, 3% e 5,2%, respetivamente.

As correspondências representavam 74,7% do tráfego postal, enquanto o correio editorial e a publicidade endereçada representavam 7,4% e 6,4% respetivamente. O peso das encomendas no total do tráfego situou-se nos 11,6%, mais 2,7 pontos percentuais do que no mesmo período de 2020, e o valor mais elevado registado até ao momento.

A atividade abrangida pela serviço postal universal representa cerca de 81,5% do total do tráfego. Ainda assim, o tráfego do serviço postal universal decaiu 3,8% “e o seu peso no total do tráfego diminuiu 2,3 pontos percentuais em comparação com igual período do ano anterior”. Mesmo assim, as receitas do serviço universal subiram 6,6%.

No final do primeiro semestre, os CTT eram responsáveis por 85,5% do tráfego postal, menos 1,1 pontos percentuais do que no primeiro semestre de 2020. Mas na atividade abrangida pelo serviço postal universal, os CTT representavam cerca de 90,1% (-0,5 pontos percentuais) do tráfego postal. “Trata-se do valor mais reduzido de sempre”, anota a Anacom.

“Em contrapartida, a quota de encomendas do grupo CTT atingiu 49,9%, mais 1,5 pontos percentuais do que no mesmo período do ano anterior”, adianta.

Entre janeiro e junho, o regulador das comunicações observou um crescimento de 4,8% no número de trabalhadores postais: contabilizaram-se cerca de 15,2 mil trabalhadores, 73,4% dos quais afetos aos CTT. O crescimento do número global de trabalhadores foi “impulsionado principalmente pela atividade dos prestadores alternativos”.

O número de estações de correio dos CTT também cresceram (2,7%), mas em número de postos de correios registou-se uma diminuição de 2,2%.

Não obstante, aumentaram os pontos de acesso (+4%), centros de distribuição (+4,8%) e a frota de veículos (+14,7%). “O expressivo crescimento do número de veículos deveu-se à expansão da frota de vários prestadores de correio expresso, em resposta a um aumento da procura causado pela pandemia”, lê-se.

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