Um memorando não oficial a circular entre diplomatas da União Europeia (UE) sobre uma suposta sugestão eslovena para o redesenho das fronteiras na região dos Balcãs está a gerar consternação junto das autoridades bósnias, reporta a Reuters. O primeiro-ministro da Eslovénia já negou ter sido o responsável pela circulação do documento, isto na antecâmara da presidência do país da UE.
Janez Jansa atribui a fuga de informação, que começou a ser veiculada nos meios de comunicação eslovenos, a notícias falsas e a uma tentativa de minar os esforços do país no processo de adesão das restantes repúblicas balcânicas ao espaço europeu. Do lado europeu, a delegação na Bósnia tentou acalmar tensões, garantindo em comunicado o seu “inequívoco compromisso com a soberania, unidade e integridade territorial” daquele país.
O memorando menciona as tensões étnicas, culturais e religiosas existentes na região, apresentando-as como um dos principais obstáculos à integração dos vários países decorrentes da dissolução da antiga Jugoslávia.
Assim, e face às questões pendentes entre os povos sérvios, croatas e albaneses, o documento sugeria a criação de um estado da Grande Sérvia, um da Grande Croácia e outro da Grande Albânia. Isto significaria que a região autónoma bósnia da República da Sérvia se juntaria à Sérvia, tal como sucederia com os cantões croatas na Bósnia, que passariam a ser parte da Croácia. Já o Kosovo passaria a ser da Albânia.
A sugestão gerou preocupação na Bósnia, onde as minorias sérvia e croata têm durante anos alimentado esperanças de secessão da república criada em 1992, chegando mesmo a entrar numa guerra civil que durou quatro anos e vitimou mais de 100 mil pessoas.