Existem alguns fatores de risco que podem comprometer as metas anunciadas esta terça-feira por Fernando Medina para o peso da dívida pública sobre o PIB, de acordo com a reação dos analistas da XTB, Henrique Tomé e Vítor Madeira.
Fernando Medina avançou esta terça-feira, na conferência anual da Comissão do Mercado de Valores Mobiliários (CMVM) que decorreu em Lisboa, que Portugal deverá terminar 2023 com o peso da dívida pública sobre o PIB num patamar abaixo do registado por Espanha e França, algo que, de acordo com o ministro das Finanças, irá permitir poupar dinheiro com juros.
“Portugal terminará o ano com um Orçamento equilibrado e com a descida da dívida pública para 110% do PIB”, salientou o ministro das Finanças.
“As projeções avançadas pelo governo são animadoras, no entanto é importante ter consciência de que existem vários fatores de risco que podem comprometer as metas anunciadas por Medina, tais como o risco de as economias começarem a abrandar a um ritmo maior derivado das subidas das taxas de juro”, destacaram estes analistas ao JE.
Além disso, Henrique Tomé e Vítor Madeira salientam que “o facto de estarmos a viver um período de inflação elevada proporciona subidas do PIB em termos nominais, logo isso tem um impacto direto nas dívidas soberanas em percentagem do PIB, neste caso a inflação beneficia os países devedores como é o caso português”.
Estes analistas não descartam que a redução da dívida pública “foi uma descida substancial e que se a mesma se mantiver será bom para Portugal se financiar nos mercados internacionais com taxas de juro mais baixas”.
“Ainda assim, é expectável que a dívida continue a diminuir dado que as atuais projeções sobre o crescimento económico continuam relativamente fortes. Por outro lado, vivemos períodos de grande incerteza económica , dado que o impacto da subida das taxas de juro por parte do BCE ainda não provocou um arrefecimento considerável na economia real”, sublinham estes analistas ao JE.