“Um movimento natural que faz todo o sentido a curto, médio e longo prazo”, explicou António Mexia aos analistas sobre a decisão da EDP- Energias de Portugal lançar uma OPA à EDP Renováveis, financiada parcialmente pela venda da subsidiária espanhola Naturgas.
Ontem, a EDP lançou uma Oferta Pública de Aquisição sobre os cerca de 22,5% da EDP Renováveis que não detém, a um preço de 6,80 euros por ação, visando reforçar a aposta como líder na atividade de produção de energia através de fontes renováveis, assim como “simplificar o equity story” da EDP Renováveis.
Poucos minutos após esse anúncio, a empresa revelou que vendeu a Naturgas, subsidiária de distribuição de gás em Espanha, por 2.591 milhões de euros, a um consórcio de investidores liderado pela J.P. Morgan. O encaixe financeiro resultante da venda será parcialmente aplicado na aquisição de ações da EDP Renováveis. A venda terá um impacto esperado de cerca de 2,3 mil milhões de euros na redução da dívida líquida da EDP.
Em teleconferência com os analistas esta manhã, o CEO da EDP sublinhou que várias considerações levaram à decisão de reajustar o portefólio. Dado que a EDP só tem ativos de distribuição de gás na Ibéria, torna esta numa área de negócio que não contribui para aumentar a diversificação geográfica do grupo. “Isto leva nos a considerar o negócio de distribuição de gás como menos core do que as renováveis, dada a menor escala e sinergias limitadas na cadeia de valor da EDP”.
Mexia explicou que, por outro lado, nas renováveis “estava a ficar claro que o título [EDPR] vinha sofrendo devido a uma baixa liquidez em bolsa”. Acrescentou que “dado o free float limitado, isto vem pôr em questão se havia uma vantagem clara na EDP continuar a ter duas cotadas, especialmente dada a crescente importância da EDPR no grupo EDP”.
O CEO vincou que a análise feita pelo grupo reforçou a visão que a EDPR é uma componente chave do core business, tendo em conta a posição de liderança mundial atingida pela eólica e as perspetivas de crescimento no setor.
Estas considerações estratégicas, “aliadas com aquilo que consideramos ser um timing muito apropriado, e o timing é importante na vida, levaram-nos a executar algo que vemos como uma oportunidade interessante para reajustar o nosso portefólio”, adiantou.
Para Mexia, “a curto prazo as duas transações vão contribuir para cristalizar o valor dos ativos da EDP, a médio prazo vão reforçar os objetivos estratégicos do grupo para 2020, e no longo prazo melhorar o posicionamento da EDP para os desafios que o setor elétrico vai enfrentar na próxima década”.
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