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“Modelo com mais financiamento em mercado não é fácil ou imediato, mas é essencial”, diz Medina

Ministro das Finanças salientou que “o reforço dos capitais próprios e a diversificação do tipo e fontes de financiamento reduzem a dependência das empresas e tornam-nas mais resistentes a choques externos”.
13 Setembro 2022, 10h56

O ministro das Finanças, Fernando Medina, afirmou hoje que a transição da economia portuguesa “para um modelo de financiamento com um maior contributo do mercado de capitais não é fácil ou imediato, mas é essencial”.

O ministro, que falava na apresentação do Guia do Emitente, uma iniciativa da CMVM, salientou que há bons argumentos para que o país percorra esse caminho, ainda que de forma “ponderada”.

“Desde logo porque o reforço dos capitais próprios e a diversificação do tipo e fontes de financiamento reduzem a dependência das empresas e tornam-nas mais resistentes a choques externos”, disse Medina.

E depois, porque “por vezes, é mais fácil financiar novos projetos de inovação através de instrumentos do mercado do que o financiamento bancário tradicional”. Ao mesmo tempo, citou o ministro, “vários autores defendem que a presença em mercado e o escrutínio dos acionistas convidam a uma maior profissionalização da gestão e um maior crescimento das empresas”.

“Em suma, a obtenção de capital com financiamento no mercado de capitais em complemento ao financiamento bancário pode conferir maior estabilidade e capacidade a um setor empresarial que está a crescer e a aceder a novos mercados. Ao mesmo tempo estimula o crescimento e a resiliência das economias”.

O momento em que estamos convida (ou quase obriga), segundo ministro das Finanças, a uma mudança. Em primeiro lugar porque estamos a viver uma guerra, “cujo fim ainda não se vislumbra”, pelo que as famílias, as empresas e os decisores politicos são confrontados “com níveis invulgares de incerteza”.

“Sabemos que os preços estão a subir e que é preciso responder aos seus impactos, mas não sabemos com segurança até quando vamos ter de aguentar esta pressão. Sabemos que os bancos centrais estão e vão continuar a aumentar as taxas de juro para controlar a inflação, mas é impossível antever a totalidade das consequências das alterações de política monetária, nomeadamente os seus efeitos nos balanços empresariais”, disse Fernando Medina.

Estes eventos apanharam as empresas das economias desenvolvidas habituadas a financiamento bancário barato e abundante, frisou. “Todos sabemos que nos últimos anos temos assistido nas economias desenvolvidas a uma redução do universo de empresas emitentes, tendência a que Portugal não é alheio. Há vários fatores que concorrem para este resultado. As condições financeiras nos últimos anos têm oferecido financiamento alheio abundante e a custos baixos. Por outro lado, os requisitos regulatórios do mercado exigem níveis de profissionalização de gestão e custos administrativos que afastam as empresas de menor dimensão”, sublinhou.

Próximo Orçamento do Estado com medidas adicionais para reforço da capitalização das empresas

O ministro das Finanças, que se escusou a responder a questões adicionais dos jornalistas ao sair da sessão, indicou ainda que o próximo OE terá como um dos seus pilares fundamentais o reforço da capitalização das empresas. “Destaco o que será um pilar do próximo Orçamento do Estado, que é a centralidade que daremos aos instrumentos de reforço de capitalização das empresas, ao reforço dos seus capitais próprios, que vem num momento particularmente relevante”.

Para Medina, “a resposta adequada à oportunidade que se abre num momento de subida das taxas de juro é uma mensagem muito clara a todo o sector de que é essencial o reforço da base de capitais próprios. Não só para a estabilidade das empresas e para a capacidade de desenvolvimento dos seus projetos futuros, mas também para o reforço global da solidez do nosso sistema financeiro”. E, sublinhou o ministro, serão medidas “concretas e efetivas”, sabendo que o reforço da capitalização das empresas é “um trabalho sem fim”, mas que “cada nova geração de responsáveis tem de prosseguir e intensificar”.

O Guia do Emitente é uma nova ferramenta digital que, segundo a CMVM, visa “acompanhar e ajudar as empresas a tomarem decisões informadas de financiamento, com base no conhecimento das alternativas”, para que possam “considerar aquelas que melhor se adaptam à sua visão e ambição”. Este guia disponibilizará, assim, informação sobre “as etapas da jornada de acesso ao mercado de capitais” – desde o planeamento até à admissão à negociação, passando pela preparação e pela oferta – dando a conhecer “as características, vantagens e desvantagens das diferentes opções disponíveis às empresas”.

Notícia em atualização

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