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Montepio Geral melhora prejuízos para 86 milhões em 2016

José Félix Morgado, que já só chama o Montepio de Caixa Económica, acaba de apresentar os resultados de 2016. Destaque para a melhoria da qualidade dos ativos, reforçada pelo facto de terem entrado menos 33,9% de novos contratos de crédito em malparado.
  • Cristina Bernardo
29 Março 2017, 17h14

O banco liderado por José Félix Morgado fechou o ano de 2016 com 86,5 milhões de euros de prejuízos, o que compara com 243,4 milhões em 2015.

A que se deve esta melhoria dos resultados? Essencialmente a um crescimento da margem financeira  de 29,2% para 253,2 milhões de euros, beneficiando da quebra dos juros dos depósitos, dos menores custos na emissão de dívida e de uma política de repricing do crédito.  As comissões subiram 5,6% para 101 milhões. Tudo isto fez subir o produto bancário ‘core’ 12,3%.

Mas se a actividade recorrente teve uma performance positiva nas receitas o mesmo não se pode dizer da atividade não recorrente. O produto bancário total caiu 12,4% para 353 milhões devido à reavaliação de activos em balanço (imobiliário sobretudo), mas essencialmente devido à quebra dos resultados de trading. Em 2016 foram de 37 milhões o que compara com 102,7 milhões em 2015. Isto porque neste ano foi contabilizado um resultado de 85,2 milhões relativos à alienação de títulos de dívida pública portuguesa, que compara com 3,2 milhões em 2016.

O banco teve alguns impactos positivos e negativos extraordinários nos números, mas o balanço, segundo o banco, permite concluir que este resultado é sustentado na actividade recorrente.

“Este ano de 2016 é o primeiro ano da execução do plano estratégico de reposicionamento da Caixa Económica”, diz José Félix Morgado que parece evitar chamar Montepio ao banco, já numa alegada antecipação à recomendação do Banco de Portugal que poderá tornar-se uma orientação caso a Associação Mutualista dona do banco resista a alterar a designação do banco que atualmente partilha com a Associação o nome Montepio Geral.

Os resultados do banco em 2016 confirmam “o trajecto desse plano de redimensionamento da estrutura operativa segue a um ritmo positivo e na direcção correta”, diz o presidente do banco.

Em relação aos custos (e um dos pontos fracos do banco é a baixa eficiência: 80,4% é dos mais altos do mercado) o banco destaca uma diminuição homóloga de 10,4% dos custos operacionais para 295,1 milhões de euros. “A melhoria da eficiência (melhorou 1,3 pontos percentuais) preconizada no Plano Estratégico 2016-2018 materializou-se em 2016 através do encerramento de 94 balcões em Portugal e da saída de 442 colaboradores (decréscimo dos custos com pessoal de 13,5%)”.

O redimensionamento da estrutura operativa já contribuiu para uma poupança de custos de 13,9% (isto inclui custos associados ao programa de redimensionamento da estrutura de 35 milhões e ganhos relativos à revisão do ACT ligados à alteração dos pressupostos actuariais para aproximar a idade da reforma da idade definida pela Segurança Social).

O reforço da posição de capital (Common Equity Tier 1 passou de 8,8% para 10,4% e o rácio total – phasing in – é de 10,9%, uma posição de liquidez estável (rácio de LCR de 106,6%) são os highlights destacados pela instituição. O presidente do banco tem garantido que não precisa de fazer aumentos de capital este ano, porque consegue melhorar o rácio de capital através da redução dos activos ponderados pelo risco e pela adesão ao regime dos DTA (Regime especial aplicável aos ativos por impostos diferidos que tenham resultado da não dedução de gastos e variações patrimoniais negativas com perdas por imparidade em créditos e com benefícios pós-emprego ou a longo prazo de empregados).

Neste rácio ainda não está reflectido esse efeito ou o rácio CET1 seria de 10,7% e não 10,4% e o rácio de capital total seria de 11,2% e não de 10,9%.

Neste exercício de 2016 o rácio  reflete o efeito combinado da significativa redução dos ativos ponderados pelo risco (-8,6% ou 1.203 milhões de euros) e do incremento de fundos próprios em 2,2%. O crédito a clientes caiu 3,4% para 13.861 milhões de euros e os recursos de clientes ficaram quase inalteráveis (-0,5%). O banco destaca que o modelo estratégico tem como primeiro pilar focar-se na economia social, nas PME, no crédito a  particulares e aos empresários em nome individual.

O custo do risco do crédito caiu de 1,5% para 1,2%. O que traduz uma melhoria da qualidade dos activos. Esta melhoria é reforçada pelo facto de terem entrado menos 33,9% de novos contratos de crédito em malparado. As imparidades e provisões totais recuaram 29,3%, para 243,1 milhões. Só as imparidades para crédito malparado caíram 24,5%, para 182,5 milhões.

Sobre as imparidades para imóveis que o banco tem na sequência de incumprimento de crédito (porque estavam registados no balanço a um valor acima do mercado, fonte do banco explica que só aqui houve um custo de 66,5 milhões de euros. Em 2016 venderam 1938 imóveis o que significa mais de 68% da execução do plano previsto para 2016. O resultado da venda de imóveis foi de 2,1 milhões de euros (o que compara com um valor negativo em 2015 de 14 milhões).  Para 2017 o banco vai continuar a vender activos imobiliários.

Os números de 2015 foram recalculados já incorporando a desconsolidação das actividades no continente africanos (Angola e Moçambique) para ser comparável com 2016 (que assume os resultados do Finibanco Angola e do Banco Terra em Moçambique como “resultados de operações descontinuadas”. A transferência para a Arise ainda não se concretizou no entanto.

Quer a passagem a sociedade anónima (já devidamente detalhada e aprovada pelo regulador), quer a mudança de nome terão de ir a uma Assembleia Geral da Caixa Económica Montepio Geral. A próxima AG do banco está prevista para Abril. O banco saliente que continuará a vender, no âmbito da sua atividade de cross selling, produtos da Associação Mutualista, assim como vende seguros, fundos de investimento e planos de poupança de reforma de outras instituições do Grupo.

Amanhã é a Assembleia Geral da Associação Mutualista.

 

 

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