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Montepio: Rui Moreira diz que Santa Casa usa o dinheiro das apostas para “fazer uma aposta”

O presidente da Câmara do Porto critica o investimento de 200 milhões da Santa Casa de Lisboa Associação Mutualista por 10% do Montepio. Compara-o a uma aposta num casino de Las Vegas e diz que a “probabilidade de correr bem não deve ser muito diferente”.
13 Dezembro 2017, 12h16

Presidente da Câmara do Porto, Rui Moreia, considera que a Santa Casa de Lisboa está a usar o dinheiro que ganha nas apostas para “fazer uma aposta”. Num post na sua página de facebook, hoje publicado, Rui Moreira, lança críticas à aquisição de 10% do Montepio por 200 milhões de euros à Associação Mutualista, comparando esta entrada no capital na Caixa Económica Montepio Geral a uma aposta no Caesar, casino em Las Vegas.

“Eventualmente, também podiam ir a Las Vegas e apostar os 200 milhões no Cæsar. Até porque a probabilidade de correr bem não deve ser muito diferente. E sempre deve ser mais divertido. Haja Misericórdia”, afirma Rui Moreira no seu post da rede social, onde partilha a notícia do Jornal Económico da sua última edição de 7 de dezembro que dá conta que até ao Natal a o Montepio terá um novo accionista, com a Santa Casa da Misericórdia de Lisboa ai comprar 10% do banco liderado por José Félix Morgado por 200 milhões de euros à Associação Mutualista.

A notícia avançada pelo Jornal Económico revela que esta aquisição traduz uma avaliação ao banco que foi feita pelo Haitong Bank, de 2.240 milhões de euros. O que significa que a Santa Casa paga por cada ação do Monteio 0,83 cêntimos por ação, abaixo do preço da Oferta Pública de Aquisição lançada este ano pela Associação Mutualista (1 euro). Ou seja, o banco vai ser vendido a desconto face ao valor que foi oferecido aos detentores de Unidades de Participação do Fundo de Participação da CEMG na OPA.

Mas a surpresa poderá vir de um aumento de capital. Segundo fonte próxima da operação, a Associação Mutualista conta injetar esse montante num aumento de capital do Montepio Geral, no mesmo montante, e ter-se-á comprometido com a Santa Casa nesse sentido.

Essa intenção foi aliás desvendada numa entrevista do Provedor da Santa Casa da Misericórdia de Lisboa, Edmundo Martinho, ao jornal “Público”, quando lhe perguntaram em que termos se fará a entrada no banco Montepio a resposta foi “através da compra de ações e do aumento de capital. O limiar máximo do investimento não ultrapassará os 200 milhões de euros”.

Ao Jornal Económico, fonte ligada ao processo explica que haverá um aumento de capital subscrito pela Associação Mutualista e depois dessa operação a Santa Casa fica com 9,2%, portanto abaixo dos 10%. Mas quer ter mais do que um administrador no banco, e eventualmente, pelo menos um deles, como executivo. A estratégia da Santa Casa é poder influenciar a gestão do banco no sentido de o tornar um banco focado na economia social, que é de resto a estratégia já assumida publicamente por Tomás Correia, presidente da Associação Mutualista para o Montepio Geral.

O banco liderado por José Félix Morgado tem dito que não é preciso nenhum aumento de capital nos tempos mais próximos, depois de um de 300 milhões que se realizou em março do ano passado e de outro em junho no valor de 250 milhões de euros.

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