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Moody duvida dos benefícios da Black Friday para o comércio

Esmagamento das margens não é um bom caminho para os lucros, apesar do aumento das receitas. Setor do vestuário é um dos que sai mais afetado pela iniciativa.
  • Cristina Bernardo
22 Novembro 2018, 15h45

A Black Friday antecipa em grande parte as compras de Natal, “muitas vezes com margens mais baixas, e é portanto negativa para o setor do comércio europeu em geral e raramente positiva para empresas individuais”, sintetiza David Beadle, vice-presidente para a área de crédito da consultora Moody’s.

Não sendo sempre assim, a agência de rating considera que há mais de uma forma de abordagem da iniciativa que está a espalhar-se por todos os mercados: “os comerciantes inteligentes que escolheram participar fazem isso com uma estratégia cuidadosamente pensada, incluindo compras específicas para proteger as margens. Outros decidiram que os lucros gerais e os valores da marca são melhor atendidos. Com o tempo, acreditamos que o evento será cada vez mais relacionado com equipamentos elétricos e que os consumidores perceberão que as verdadeiras ‘pechinchas’ são raras”, diz aquele responsável.

“As questões de governança corporativa e a mudança nos hábitos dos consumidores estão a prejudicar a qualidade de crédito dos comerciantes europeus, com o Brexit a ser uma preocupação adicional para as empresas do Reino Unido. Grandes empresas comerciais, especialmente em vestuário, estão a ter mais problemas para se adaptarem à medida que os clientes se movimentam on-line em busca de conveniência e valor”, refere o analista da Moody’s.

De facto, o balanço entre as compras online e as compras nos canais tradicionais está a ser alvo de aceso debate no comércio – principalmente no que tem a ver com o vestuário, calçado e têxteis em geral. Para já, nenhuma empresa admite preferir um canal ao outro, sendo que os dois seguem em paralelo.

As opiniões divergem em relação a qual deles vai prevalecer. Mas os sinais estão a ser claros. A Inditex, por exemplo, acaba de promover um plano que lhe permitirá passar a ser a primeira marca a vender os seus produtos online em todo o planeta, dando mostras de que esse é, na sua opinião, o caminho a seguir.

No mesmo lado da ‘barricada’ está o facto de, ao longo de 2018, as grandes ruas do comércio internacional – desde logo a Quinta Avenida, em Nova Iorque – estarem a perder clientes, com as grandes galerias comerciais a desistirem de ter lojas de rua.

Para a Moody’s, o caso específico do Brexit é um fator negativo, que levará as empresas de comércio britânicas a passar por momentos de dificuldade. “Empresas com estratégias vencedoras estão a aproveitar com sucesso o desejo dos consumidores por conveniência e valor e tendem a estar em novos segmentos”, diz a consultora.

O comércio de moda está particularmente exposto às tendências de conveniência e valor. “Os consumidores também exigem consistência de qualidade e moda, e irão afastar-se das marcas que não conseguem obter o ‘mix’ certo de todos os elementos”, conclui David Beadle.

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