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Moody’s melhora rating de sete bancos por causa da melhoria do ambiente operacional

“A perspectiva positiva dos ratings de depósitos de longo prazo e de dívida sénior não garantida da CGD, do BCP, do Novobanco e do Banco Montepio reflecte a expectativa da Moody’s de que as melhorias nos perfis de crédito dos bancos são sustentadas num horizonte de 12 a 18 meses”, refere a agência.
26 Maio 2023, 21h10

A Moody’s Investors Service (Moody’s) procedeu hoje à avaliação do rating dos sete grupos bancários portugueses, CGD, BCP, Novobanco, Santander Totta, BPI, Crédito Agrícola e Banco Montepio.

As ações de rating foram motivadas pela decisão da agência de rating de alterar a perspectiva do rating Baa2 dos títulos do governo de Portugal de estável para positiva.

Como se sabe a Moody’s alterou o Perfil Macro de Portugal de “Moderado+ “para “Forte-” reflectindo em primeiro lugar, a melhoria do ambiente operacional dos bancos portugueses impulsionado pela solidez económica do país e, em segundo lugar, pelas condições de financiamento mais saudáveis dos bancos.

As ações de rating de hoje levaram em conta um perfil macro mais forte, bem como o progresso contínuo no desempenho e nos fundamentos financeiros de vários bancos.

A Moody’s subiu a classificação dos depósitos de longo prazo e da dívida sénior não garantida da maioria dos sete bancos, tendo deixado sem alterações estes ratings do BCP e do Novobanco.

“A perspectiva positiva dos ratings de depósitos de longo prazo e de dívida sénior não garantida da CGD, do BCP, do Novobanco e do Banco Montepio (quando aplicável) reflecte a expectativa da Moody’s de que as melhorias nos perfis de crédito dos bancos são sustentadas num horizonte de 12 a 18 meses”, refere a agência.

No entanto, a Moody’s prevê um aumento moderado dos créditos problemáticos, num contexto actual de instabilidade operacional e de pressões inflacionistas sobre o poder de compra das famílias e també, sobre as margens das empresas. A deterioração da carteira de crédito pesará sobre a sua capacidade de conceder crédito. No entanto, de acordo com o cenário de base da Moody’s, é pouco provável que essa deterioração enfraqueça materialmente os perfis de crédito destes bancos, o que sustenta as perspectivas positivas da agência de rating.

Caixa Geral de Depósitos

A subida dos ratings dos depósitos de longo prazo da CGD de Baa2 para Baa1 e a afirmação dos ratings da dívida sénior sem garantia em Baa2 reflectem o upgrade do Baseline Credit Assessment (BCA) e do Adjusted BCA do banco para baa2 de baa3; o resultado da análise avançada de Loss Given Failure (LGF – perda dado o incumprimento) da Moody’s, que conduz a uma subida de um notch para os ratings de depósitos e a nenhuma subida adicional para os ratings da dívida sénior sem garantia; e os pressupostos de apoio moderado do Estado à CGD, dada a sua importância sistémica.

“No entanto, este apoio já não resulta numa subida de rating tanto para os depósitos como para a dívida sénior não garantida (de um notch de subida para a dívida sénior não garantida anteriormente) devido a uma maior proximidade entre o BCA Ajustado do banco (considerando também a subida da LGF-Perda devido a falha) e o rating do Estado Português”, diz a Moody’s.

Millennium BCP

No caso do BCP, a Moody’s diz que a reafirmação dos ratings dos depósitos de longo prazo em Baa2 e dos ratings da dívida sénior sem garantia em Baa3 “reflecte a afirmação do Baseline Credit Assessment e do BCA Ajustado do banco em ba2; o resultado da análise avançada de LGF da Moody’s que conduz a uma subida de três notches para os depósitos e de um notch para a dívida sénior não garantida; e a avaliação da Moody’s de um apoio moderado do Governo dada a importância sistémica do BCP, que resulta numa subida de um notch para os ratings da dívida sénior não garantida e nenhuma subida para os ratings dos depósitos”.

A afirmação do Baseline Credit Assessment do BCP em ba2 “reflecte a melhoria dos indicadores de risco dos activos do banco, os seus níveis de capital modestos e uma rendibilidade final ainda fraca”. No final de dezembro de 2022, o BCP apresentava um baixo rácio entre o resultado líquido e os ativos tangíveis de 0,1%.

O rating BCA corresponde ao perfil intrínseco de risco de crédito (‘Baseline Credit Assessment’), ou seja à força intrínseca do banco.

A Moody’s considera que a rentabilidade do BCP pode ser gravemente afectada por novas perdas na sua filial polaca (Bank Millennium, Baa3 negativo, ba3) por causa das provisões para as hipotecas denominadas em moeda estrangeira (francos suíços). No entanto, numa base consolidada, os indicadores de qualidade dos activos do banco continuaram a melhorar em 2022, com o seu rácio NPA (non-performing assets) a diminuir para 4,8%, face a 6,2% um ano antes, ainda acima da média do sistema. “O rácio tangible common equity (TCE) do banco situou-se em modestos 9,5% no final de dezembro de 2022”, refere a Moody’s.

Santander Totta

Por sua vez para o Santander Totta, a Moody’s escreve que a afirmação das notações de rating dos depósitos de longo prazo em A3 e a subida das notações do programa sénior sem garantia de (P)Baa2 para (P)Baa1 reflectem a subida do BCA (Baseline Credit Assessment) do banco para baa2 de baa3; uma elevada probabilidade de apoio da filial do Banco Santander (Espanha) (A2 estável/A2 estável, baa1), o que resulta numa subida de um nível no BCA ajustado (baa1); e o resultado da análise avançada da Moody’s ao LGF, que conduz a uma subida adicional de dois níveis nos ratings de depósitos e a nenhuma subida adicional nos ratings de programas sénior não garantidos.

A Moody’s atribui uma baixa probabilidade de apoio governamental às notações de depósitos e de programas sénior não garantidos do Santander Totta, o que não resulta numa subida das notações.

A subida da classificação do Baseline Credit Assessment do Santander Totta para baa2 reflecte a melhoria das métricas de risco dos activos, os elevados rácios de capital e a melhoria da rentabilidade recorrente. No final de dezembro de 2022, o rácio NPA do BST diminuiu para 3,7%, face a 4,5% um ano antes.

“O rácio TCE do banco situou-se em 18,3%”, embora a Moody’s espere que diminua principalmente em resultado do pagamento de dividendos à sua casa-mãe espanhola.

Os indicadores de rentabilidade irão melhorar porque a reavaliação do preço dos empréstimos a taxa variável continuará a aumentar as receitas do banco, defende a agência.

Novobanco

Sobre o Novobanco, a Moody’s mantém os ratings de depósitos de longo prazo em Ba1 e os ratings da dívida sénior não garantida em Ba3 o que “reflecte a afirmação do BCA e do BCA ajustado do banco em ba3; e o resultado da análise avançada LGF da Moody’s que conduz a uma subida de dois notches para os depósitos e nenhuma subida para a dívida sénior não garantida”.

A Moody’s atribui uma baixa probabilidade de apoio governamental no rating dos depósitos e no da dívida sénior não garantida do Novobanco, o que resulta na não subida destes ratings.

A afirmação do BCA do Novo Banco em ba3 reflecte a melhoria do perfil de crédito do banco, em resultado da conclusão bem sucedida do plano de reestruturação acordado com a Comissão Europeia.

No entanto, o rácio NPA  (ativos improdutivos) do banco permanece elevado, situando-se em 7,9% no final de dezembro de 2022, face a 11,2% no ano anterior.

Os níveis de capital do Novobanco são elevados, uma vez que o banco está sujeito a uma proibição de dividendos acordada com o Fundo de Resolução português até 2025.

“O seu rácio TCE situou-se em 15,4% no final de dezembro de 2022, contra 10,8% um ano antes. No entanto, a Moody’s espera que o capital reduza quando a proibição de distribuição de dividendos for levantada”, estima a agência.

A rentabilidade do Novobanco é forte, com um rácio entre o resultado líquido recorrente e os activos tangíveis de 0,9%, e a agência de notação espera que as melhorias de rentabilidade continuem durante o período de previsão.

Como parte da ação de rating de hoje, a Moody’s também melhorou os ratings do programa de dívida júnior sénior sem garantia do Novobanco de (P)B1 para (P)Ba3  de forma a reflectir o aumento do buffer de instrumentos subordinados.

“A análise avançada da Moody’s indica agora uma moderada “perda dado o incumprimento (LGF)”  para os credores seniores  juniores sem garantia, o que não conduziu a uma subida do BCA ajustado de Ba3, que anteriormente era negativo em um nível”, diz a Moody’s.

Banco BPI

“A afirmação dos ratings de depósitos de longo prazo do BPI em A3 e a subida dos ratings do programa sénior sem garantia de (P)Baa2 para (P)Baa1 reflectem a subida do BCA para baa2 de baa3; uma elevada probabilidade de apoio do CaixaBank, o que resulta em nenhuma subida do BCA Ajustado de baa2; e a análise Advanced LGF da Moody’s, que prevê uma subida de dois níveis para os depósitos e de um nível para o programa sénior sem garantia do BCA Ajustado do banco”, diz a agência.

A subida do BCA do BPI para baa2 reflecte um perfil de crédito mais forte.

A Moody’s considerou os sólidos rácios de capital do banco, que são, no entanto, limitados pelos riscos decorrentes da exposição angolana do BPI, pelos melhor risco dos seus activos face à média (2,2% NPA) e pela melhoria dos indicadores de rentabilidade interna.

O rácio TCE do BPI situou-se em 17,5% no final de dezembro de 2022. No entanto, a Moody’s espera que estes níveis de capital sejam reduzidos na sequência do pagamento de dividendos ao CaixaBank.

A rentabilidade doméstica tem vindo a melhorar gradualmente nos últimos anos, e a agência de rating espera que esta melhoria continue. No final de dezembro de 2022, o banco apresentava um rácio do resultado líquido nacional em relação aos ativos tangíveis de 0,6%.

Crédito Agrícola

A subida dos ratings de depósitos de longo prazo da Caixa Central de Baa3 para Baa2 e dos ratings da dívida sénior não garantida de Ba2 para Ba1 e reflecte a subida do BCA e do BCA Ajustado do banco para baa3 de ba1; e o resultado da análise Advanced LGF da Moody’s, que proporciona uma subida de um notch para os depósitos e justifica a queda de notch no rating da dívida sénior não garantida do BCA Ajustado do banco.

A Moody’s diz que as notações da Moody’s para a Caixa Central de Crédito Agrícola reflectem o seu papel fundamental no Grupo CA, que é constituído por uma rede de bancos cooperativos vinculados por um mecanismo de solidariedade consagrado na lei.

As notações da Caixa Central reflectem a opinião da Moody’s sobre a qualidade de crédito de todo o grupo, ou seja, do Grupo CA, sendo a Caixa Central a tesouraria do grupo e a única entidade emissora de dívida.

O upgrade do Baseline Credit Assessment que mede a força intrínseca da Caixa Central, para baa3 reflecte a melhoria da qualidade creditícia do Grupo liderado por Licínio Pina. Em particular, a Moody’s teve em consideração a melhoria das métricas de risco dos activos do grupo, a sua forte capitalização e a melhoria dos indicadores de rentabilidade.

O rácio de NPA (ativos improdutivos) do GCA situou-se em 8,3% no final de dezembro de 2022, em comparação com 11,1% um ano antes, mas ainda muito acima da média do sistema.

A capitalização do Grupo CA é, no entanto, forte, com um rácio TCE de 15,4% na mesma data (13,7% um ano antes). A rentabilidade, historicamente modesta, tem vindo a melhorar e a Moody’s espera que esta melhoria continue, à medida que a reavaliação da carteira de empréstimos se processa gradualmente.

Banco Montepio

A subida do rating dos depósitos de longo prazo do Banco Montepio de Ba3 para Ba2 e do rating do programa de dívida sénior sem garantia de (P)B2 para (P)B1  reflecte a subida do Baseline Credit Assessment  (BCA) e do BCA Ajustado do banco de b2 para b1; e a análise Advanced LGF da Moody’s, que prevê uma subida de dois níveis para o rating dos depósitos e nenhuma subida para o programa sénior sem garantia do banco, ao nível da avaliação do Baseline Credit Assessment.

“A subida do Baseline Credit Assessment do Banco Montepio para b1 reflecte o reforço do perfil de crédito do banco, resultante da contínua redução de risco do seu balanço concluída nos últimos anos”, diz a Moody’s que teve em consideração a melhoria dos indicadores de qualidade dos activos do banco, o reforço dos níveis de solvabilidade e a melhoria das tendências de rentabilidade.

O Banco Montepio reduziu significativamente o seu stock de ativos improdutivos, principalmente através de alienações. No entanto, o banco apresentou um rácio de NPA elevado de 8,9% no final de dezembro de 2022, ainda assim melhor que 12,8% registado um ano antes.

O rácio TCE do banco aumentou em 2022, situando-se em 11,6% no final do ano, face a 9,4% no ano anterior. “A rentabilidade do Banco Montepio ainda é fraca (o seu resultado líquido em relação aos ativos tangíveis situou-se em 0,2% no final de dezembro de 2022)”, mas a Moody’s espera que melhore devido à recuperação económica e ao aumento das taxas de juro.

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