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Moody’s: Retalho não alimentar com mais dificuldade para sobreviver à crise

No entender dos analistas da Moody’s, a maioria dos retalhistas do setor não alimentar, incluindo o setor da moda e vestuário, irão emergir desta crise com fundamentais mais fracos ao nível do crédito.
20 Abril 2020, 16h42

As empresas de retalho não alimentar terão mais dificuldades para sobreviver à crise económica provocada pela pandemia do coronavírus, conclui a agência de ‘rating’ Moody’s.

Segundo um comunicado da Moody’s, a agência de notação financeira reviu em baixa, com perspetivas negativas, 26 dos 36 grupos de retalho não alimentar que acompanha de forma frequente em países como a Alemanha, França, Itália e Reino Unido, devido aos efeitos negativos sem precedentes no crédito em função do surto desta pandemia.

No entender dos analistas da Moody’s, a maioria dos retalhistas do setor não alimentar, incluindo o setor da moda e vestuário, irão emergir desta crise com fundamentais mais fracos ao nível do crédito, podendo não conseguir restaurar essa vertente aos níveis existentes antes da Covid-19 durante algum tempo, se é que alguma vez o irão conseguir.

A Moody’s considera ainda que a maioria dos retalhistas do setor não alimentar tem liquidez suficiente para se ambientar à disrupção de curto prazo, mas uma dilatação deste período irá pressionar mais as empresas.

“Temos perspetivas negativas em metade das companhias e as atualizações refletem a nossa incerteza sobre a duração das frestrições e a capacidade das empresas em preservar a sua liquidez num cenáerio de prolongamento alargado das restrições”, adianta um comunicado da Moody’s.

De acordo com os especialistas desta empresa de ‘rating’, os retalhistas do setores das vigens e do vestuário com uma maior dimensão de lojas físicas estão mais vulneráveis à erosão da qualidade de crédito, acrescentando que a crise vai afertar mais os retalhistas destes setores com mais elevados custoas fixos e com presença ‘online’ limitada.

Para a Moody’s, a qualidade de crédito irá também enfraquecer certos segmentos de retalho, mas a sazonalidade e a presença em canais digitais podem ajudar a suavizar o golpe.

“Esperamos que as despesas [ de custos e de investimento das cadeias retalhistas] sejam residuais ao longo de 2020, mesmo quando as restrições à mobilidade forem aliviadas, uma vez que a confiança dos consumidores permanecerá fraca”, defende a Moody’s.

De acordo com este relatório, os retalhistas com fortes capacidades ‘online’ e com limitada dependência de vendas na época de primavera, poderão evitar de forma mais adequada o encerramento de lojas físicas.

“O surto poderá desencadear uma nova avaliação do modelo de negócio e a respetiva transformação. Esperamos que haja uma aceleração em direção ao ‘online’. Para alguns retalhistas, trazer a produção para mais próximo dos mercados finais e transformar as suas redes de lojas, mas isso irá requerer investimento. Também poderão exigir mais flexibilidade quando os contratos de aluguer. As empresas com uma boa escala poderão ter capacidade para aumentar as suas quotas de mercado à medida que os rivais mais fracos se debatem”, defendem os analistas da Moody’s.

Segundo este estudo da agência de notação, os retalhistas mais fortes terão uma oportunidade para incrementar a sua quota de mercado, adiantando que as empresas com escala e com liquidez sólida como o Ceconomy, Kingfisher, H&M, Inditex, e Next estão mais bem colocadas para expandir as suas atividades.

 

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