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Moody’s: setor das telecomunicações vai permanecer “estável, mas frágil” em 2019

Moody’s conclui que a implementação do 5G não é solução a curto prazo; que as empresas de telecomunicações têm flexibilidade limitada e que o crescimento das operadoras da Europa Central e Oriental será apoiado por um melhor crescimento macroeconómico, com novas fusões e aquisições no horizonte.
31 Outubro 2018, 17h00

A agência de notação financeira Moody’s diz que as perspetivas para a indústria de telecomunicações na Europa, Médio Oriente e África (EMEA) permanecem estáveis ​​até 2019, embora o crescimento da receita do setor seja inferior a 1%. No entanto, a agência vê algumas nuvens no horizonte a partir de 2020.

“A nossa perspetiva sobre o setor de telecomunicações da EMEA permanece estável, mas frágil a partir de 2019, devido à intensificação da concorrência, ao crescimento mais lento do PIB e ao impacto da regulamentação passada”, de acordo com um estudo da autoria da unidade de consultoria Moody’s Investors Service, divulgado esta quarta-feira.

No relatório “EMEA Telecoms Industry Outlook”, enviado à redação, a agência norte-americana aponta cinco grandes razões para que o setor das telecomunicações na EMEA enfrente desafios cruciais a partir de 2019. A primeira está relacionada com a intensificação da concorrência, uma vez que o “crescimento mais lento do produto interno bruto (PIB) de países desta região e o impacto da regulamentação continuará a desafiar a capacidade das telecoms em monetizar o crescimento da procura do mercado por dados e vídeo”.

A Moody’s escreve, ainda, que a “introdução da tecnologia móvel de quinta geração”, vulgo 5G, “não será, provavelmente, a solução a curto prazo”, enquanto catalisador de crescimento de receita das operadoras de telecomunicações. Ainda assim, o novo espetro de rede apontado como fonte de compensação destas para o “baixo crescimento nos serviços tradicionais” e, por conseguinte, a agência de notação financeira acredita que “as fusões e aquisições [no setor] aumentem à medida que a convergência acelere, à medida que as empresas se preparem para o 5G”.

As telecoms na região EMEA, contudo, têm uma flexibilidade financeira “limitada, para enfrentar o novo ciclo de investimento” e a Moody’s identifica a espanhola Telefónica ((Baa3 estável), a britânica Vodafone (Baa1, em revisão para baixa), a italiana Telecom Italia (Ba1 estável) e a alemã Deutsche Telekom (Baa1 negativo) como aquelas que, ainda, têm “altos níveis de endividamento”.

Mesmo assim, o crescimento das operadores da Europa Central e Oriental deverá acontecer, mas “apoiado por um melhor crescimento macroeconómico, com novas fusões e aquisições no horizonte”.

“Fora da Europa Ocidental, o crescimento da receita deve continuar a apoiar a qualidade de crédito”, diz a agência de notação financeira. O foco estará na Rússia, com a “qualidade de crédito das telecomunicações russas a manterem-se fortes, apesar das pressões contínuas de rentabilidade e do maior investimento para atender aos requisitos de armazenamento de dados”.

Em África e no Oriente Médio, por sua vez, os preços mais altos das commodities deverão apoiar o crescimento, impulsionando o crescimento da receita do setor das telecomunicações dessa região “nos próximos 12 a 18 meses”.telecom

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