Depois da S&P, foi a vez da Moody’s subir esta sexta-feira o rating da TAP SA em dois níveis, de Caa2 para B3, com a perspetiva (outlook) estável. Ainda assim, a notação financeira mantém-se no nível de investimento especulativo, também conhecido como “lixo”.
A Moody’s melhorou ainda o rating que mede a probabilidade de default de Caa2-PD para para B3-PD.
O rating das obrigações seniores sem garantias (senior unsecured notes) de 375 milhões de euros da TAP com vencimento em 2024 foi elevado de Caa2 para B3.
Simultaneamente, a baseline credit assessment que corresponde ao perfil intrínseco de risco de crédito, isto é, sem apoio do Estado ou de outro acionista, foi atualizada de Caa3 para Caa1 .
Todas as classificações foram colocadas em revisão para atualização, diz a Moody’s. Esta ação de rating conclui a revisão para subida de rating iniciada em 24 de janeiro de 2022. A perspectiva de todos os ratings em revisão foi alterada para estável, diz a agência.
A elevação do rating é justificada pela dimensão do auxílio estatal concedido pelo Governo português à TAP SA ao abrigo do quadro de auxílios estatais “Rescue & Restructuring” da Comissão Europeia e a consequente melhoria significativa no perfil de liquidez da transportadora aérea.
Mas também a simplificação da estrutura societária da TAP SA na sequência do aumento de capital de dezembro de 2021, através do qual a TAP SGPS deixou de ser a empresa-mãe da TAP SA. A Moody’s invoca ainda o plano de reestruturação credível apresentado pelo Governo à Comissão Europeia para aprovação do auxílio estatal e as medidas de melhoria de custos já implementadas até agora. A Moody’s lembra no entanto o historial de fraca rentabilidade antes da pandemia e o risco de execução do plano de reestruturação num ambiente de mercado que permanece volátil.
O Governo português terá injetado 3,2 mil milhões de euros de ações ordinárias na TAP SA desde o início da pandemia. O que compara com um balanço total de 5,2 mil milhões de euros e uma dívida bruta ajustada de 3,7 mil milhões de euros em 31 de dezembro de 2019.
A injeção de capital também mais do que compensa o free cash flow ajustado negativo acumulado de cerca de 1,4 mil milhões de euros que a TAP SA acumulou desde o início da pandemia.
“Indiscutivelmente, o balanço da TAP SA era muito fraco pré-pandemia, com uma alavancagem bruta ajustada de cerca de 7,0x e um rácio de dívida/capitalização total de 95%, diz a Moody’s
A liquidez da TAP SA melhorou significativamente em resultado do auxílio estatal português.
Com a implementação do aumento de capital de dezembro de 2021, o governo português tornou-se o acionista único e direto da TAP SA.
A TAP SGPS, antiga empresa-mãe da TAP SA deixou de deter uma participação na empresa. Em resultado destas alterações, a TAP SA centrar-se-á exclusivamente na exploração das suas atividades aéreas sob as marcas TAP e Portugalia.
A Moody’s destaca que apesar da TAP ser uma companhia aérea sindicalizada, conseguiu reduzir os custos operacionais fixos desde o início da pandemia. Os custos com funcionários reduziram 11% em 2021. Outros itens de custo, excluindo combustível, aumentaram menos que a receita em 2021.
No entanto, alerta a agência as companhias aéreas europeias estão a enfrentar agora a inflação dos custos. Os preços mais altos dos combustíveis também afetarão significativamente os resultados da TAP em 2022, pelo menos. A TAP SA já enfrentou um aumento de 31% nos custos de combustível (aumento superior à receita) e um aumento de 6% nos custos operacionais de tráfego em 2021.
“A perspectiva estável atribuída ao rating é sustentada pela nossa expectativa de que a TAP SA continuará a implementar com sucesso o seu plano de reestruturação para reduzir gradualmente o seu consumo de caixa e restaurar as suas métricas de crédito com a Dívida Bruta/EBITDA a voltar a ficar abaixo de 7x até 2023”, diz a Moody’s.
As avaliações das duas agências de notação financeira ocorrem depois de a TAP ter fechado o ano de 2021 com um prejuízo recorde de 1.599,1 milhões de euros, apesar do aumento do número de passageiros transportados e da subida das receitas relativamente ao ano anterior.
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