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Mota-Engil referenciada em investigação judicial no Peru

O Ministério Público do Peru suspeita que um grupo das maiores construtoras a operar no Peru – que incluirá mais de 30 empresas – estaria em conluio com elementos ligados ao Ministério do Transporte e das Comunicações, obtendo contratos em troca de uma percentagem do valor da obra.
  • Mario Proenca/Bloomberg
26 Janeiro 2018, 09h01

A portuguesa Mota-Engil é uma das empresas do setor da construção que está referenciada numa investigação do Ministério Público do Peru por suspeitas de beneficiar de contratos de obras públicas, através de acordos ilegais. Em declarações ao Jornal Económico, a empresa nega que esteja a ser investigada ou que tenha sido constituída como arguida.

O Ministério Público do Peru suspeita que um grupo das maiores construtoras a operar no Peru – que incluirá mais de 30 empresas – estaria em conluio com elementos ligados a ministérios, obtendo contratos em troca de uma percentagem do valor da obra.

A operação judicial tem por base a ação de dois “colaboradores” da justiça, o primeiro em 2015 – que terá indicado a existência do grupo a que as autoridades chamam “Clube da Construção” –, e o outro, ligado à construtora Odebrecht Peru, filial da construtora brasileira, em 2017.

Na semana passada foram feitas buscas a 42 habitações e escritórios – correspondentes a 17 pessoas que estão a ser investigadas – pela Equipa Especial do Ministério Público que trata de casos de corrupção, como noticia o jornal La Republica.

A imprensa peruana, nomeadamente os jornais La Republica e El Comercio, têm seguido o caso e publicado imagens dos mandados de busca e do próprio processo. Numa das páginas, em papel timbrado do Sistema Nacional Especializado em Delitos de Corrupção de Funcionários cuja imagem é reproduzida, é feita uma lista de empresas alegadamente pertencentes ao “Clube da Construção” e os “representantes” das empresas apontados pelo “colaborador eficaz 06-2017”.

Uma das empresas referenciadas é a Mota-Engil, tendo como representante “Norma Zeppilli”, que corresponderá a Norma Zeppilli del Mar, que é há quatro anos e meio diretora comercial e de desenvolvimento de negócios da Mota-Engil Peru.

Em declarações ao Jornal Económico, fonte oficial da Mota-Engil diz que a Mota-Engil Peru diz que “teve conhecimento do processo apenas pelos media locais” e garante que “não é investigada nem está constituída como arguida neste processo”.

Acrescenta que a “Mota-Engil Peru não foi notificada e não é alvo de qualquer outra investigação neste, ou em qualquer outro processo”.

O Ministério Público peruano confirma na sua conta do Twitter que a Equipa Especial concluiu a “investigação preparatória” relativa a crimes de “tráfico de influências, lavagem de dinheiro e organização criminosa”. Também que pediu a prisão preventiva para seis dos investigados. Um antigo assessor do ministro dos Transportes e Comunicações ficou detido.

As autoridades suspeitam que as empresas deste “Clube da Construção” combinavam entre si a participação nos concursos, uma oferecendo o preço máximo e as outras ofertas superiores. A empresa que ganhasse pagaria 2,92% do contrato aos intermediários.

Esta investigação no Peru está ligada a uma outra, denominada “Lava Jato”, como a investigação brasileira que tem resultado na prisão de empresários e políticos. Na lista estão indicadas empresas como a Odebrecht – cujos principais gestores e acionistas foram condenados no Brasil e cumprem pena – e a OAS, a construtora que terá subornado o ex-presidente Lula da Silva, segundo a acusação do Ministério Público brasileiro.

No início de dezembro, quatro dirigentes de grandes empresas de construção peruanas associadas à Odebrecht foram detidos sob suspeita de subornar o ex-presidente peruano Alejandro Toledo para obter contratos governamentais.

Na declaração ao Jornal Económico, a mesma fonte da Mota-Engil diz que a empresa “marca presença neste mercado há 20 anos e tem a sua atividade centrada no setor privado onde detém 75% da sua carteira de encomendas, maioritariamente através de contratos de mineração para algumas das maiores empresas mundiais do setor, licitando em concursos nos quais cumpre com os standards de compliance, no mais estrito cumprimento da Lei”.

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