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Mutares propõe retorno próximo de 15% no investimento da Efacec

Investimento na Efacec tem de dar rentabilidade de mais de 15% para não ser considerada ajuda de Estado. A propostas vinculativa para a compra de 71,73% da Efacec apresentada pelo fundo Mutares propõe um retorno acima dos 14% a 15% para a estatal Parpública. A empresa alemã diz que não há prazo para vender a Efacec.
15 Maio 2023, 20h23

A proposta vinculativa para a compra de 71,73% da Efacec apresentada pelo fundo Mutares propõe um retorno acima dos 14% a 15% para a estatal Parpública, cumprindo assim o critério para não ser considerada ajuda de Estado a injeção de capital por parte do Banco Português de Fomento.

Para que as propostas não sejam consideradas auxílios estatais, uma série de fatores devem ser atendidos, sendo o principal deles que a Parpública deve obter taxas de retorno comparáveis ​​às do capital de investimento privado. Estas taxas são geralmente em torno de 12%-14% e podem chegar a mais de 20%.

O Jornal Económico sabe que o Estado não vai aceitar nenhuma oferta cujo retorno do investimento fique abaixo dessa percentagem.

Esta segunda-feira, o Jornal de Negócios avançou que a gestora alemã de fundos de private equity tem prevista uma injeção de capital de 100 milhões de euros, a realizar pelo Banco Português de Fomento, destinada a pagar a dívida bancária.  Mas contactada a empresa Mutares não confirmou esse número.

O “Negócios” avança ainda que os fundos de private equity propõem manter a empresa pelo menos cinco anos. Mas a empresa alemã diz que, enquanto holding de investimentos, e não como fundo, não são obrigados pelos acionistas a alienar ativos dentro de um prazo. “Vamos simplesmente garantir que conseguimos atingir os retornos no período de investimento”, dizem.

Ainda assim, a sociedade Mutares SE não rejeita que uma das possibilidades de saída futura possa passar por um IPO (Oferta Pública Inicial em bolsa). “Uma das opções do IPO é obviamente abrir o capital em Portugal, o que ajudaria a bolsa portuguesa”, admitem.

Mas o Head of Iberia Private Equity da Mutares, Santiago San Antonio Alonso, garante ao Jornal Económico que “estamos interessados ​​em comprar e construir um futuro com a Efacec, queremos consolidar o mercado português”.

A escolha do vencedor da Efacec pelo Governo levará em conta ainda a capacidade do comprador em fazer o turn-around da empresa, pelo que quem vencer o concurso tem de ter know-how nas áreas onde há sinergias com a atividade da Efacec Power Solutions. Criada em 1948, a Efacec é uma empresa portuguesa que opera nos sectores da energia, da engenharia e da mobilidade.

Na lista de sinergias, a Mutares SE & Co. KGaA lembra que adquiriu em 2022 as atividades do Grupo Arriva na Dinamarca e na Sérvia, bem como na Polónia. O grupo Arriva é um dos principais operadores de autocarros, comboios e car sharing (com carros eléctricos).

Com a compra do grupo Arriva, o Mutares passou a ter 1.000 autocarros, dos quais 300 a 400 são eléctricos, pelo que precisam dos carregadores eléctricos fabricados pela Efacec.

A sociedade gestora de participações sociais alemã cotada na bolsa também comprou a Siemens Energy Engines e vários activos relacionados, como a Guascor energy e a NEM, ambas compradas no ano passado. A aquisição reforçou o segmento de engenharia e tecnologia da empresa alemã, cotada na Bolsa de Frankfurt, depois de ter adquirido a Permasteelisa España Donges Group.

Ainda no contexto das sinergias, o fundo Mutares tem a Balcke Dürr, uma empresa focada em eficiência energética “com sinergias de acesso a matéria-prima e suporte de acesso ao cliente”.

Também com as participadas Exi e Six haveria energia sinergias comerciais, “pois podem ajudar a dar acesso aos principais players de infraestrutura de energia em Itália”.

“Temos no nosso portfólio sinergias claras com a Efacec”, confirmam.

A empresa alemã explora ainda um parque de estacionamento de um centro comercial com 150 lojas, pelo que a Efacec iria fornecer todos os carregadores eléctricos.

Além disso, a sociedade alemã tem empresas da área da energia, nomeadamente centrais de biomassa.

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