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Mutares vence corrida à Efacec

António Costa Silva explicou que a proposta da Mutares é a que assegura a manutenção da Efacec e do seu projeto industrial.
7 Junho 2023, 15h11

A reprivatização de 71,73% da Efacec Power Solutions conhece hoje o seu desfecho. A Mutares venceu a corrida numa reunião do Conselho de Ministros por meios telemáticos.

O Ministro da Economia e do Mar, António Costa Silva, e o Secretário de Estado das Finanças, João Nuno Mendes, realizam esta quarta-feira uma Conferência de Imprensa sobre o processo de privatização da Efacec Power Solutions, no Ministério da Economia.

A Mutares, Oaktree, Oxy Capital e Agrupamento Visabeira-Sodecia eram os concorrentes à compra da empresa industrial.

António Costa Silva explicou que a proposta da Mutares é a que assegura a manutenção da Efacec e do seu projeto industrial. “É uma proposta que nos dá grande conforto e convicção sobre o futuro da Efacec por três motivos essenciais”, disse António Costa Silva que detalhou que em primeiro lugar a proposta assegura a continuação da Efacec que é uma “empresa absolutamente fulcral” da economia portuguesa.

O projeto industrial e tecnológico foi decisivo na escolha, disse o ministro da Economia.

Em segundo lugar a proposta dos alemães da Mutares SE & Co. KGaA assegura a preservação da “força de trabalho”. O terceiro elemento ela minimiza os encargos para o Estado através de um mecanismo inovador que permite a recuperação de parte do investimento que foi feito na empresa.

O Estado injetou 132 milhões de euros na Efacec até maio, sob a forma de suprimentos, a que acrescem 85 milhões de euros de garantias prestadas aos empréstimos da banca. Ao todo a exposição total do Estado soma 217 milhões euros até final de maio.

A qualidade do projeto, o reforço da autonomia financeira e a minimização do impacto para o Estado ajudou à escolha, disse António Costa Silva.

“O que seduziu a Parpública e o Governo é o projeto industrial e tecnológico que é proposto”, reforçou o ministro que revelou que a empresa gestora de fundos de private equity “quer apostar no desenvolvimento da Efacec em mercados alvo de grande valor acrescentado”. Esses mercados são a Alemanha e os Estados Unidos.

“Depois apresenta uma estratégia centrada em quatro grandes produtos da Efacec, desde logo os transformadores, mas também os aparelhos dos equipamentos, as soluções de automação e a mobilidade eléctrica.

O ministro salienta o facto de a sociedade Mutares usar as 32 participadas para potenciar a criação de valor na Efacec. Essas 32 empresas operam nos sectores automóvel e mobilidade, engenharia e tecnologia e bens e serviços.

A Mutares cumpriu os “seis critérios” estipulados pelo Estado, segundo disse o ministro, que explicou serem a credibilidade, a idoneidade e a capacidade financeira dos alemães. O segundo tem a ver com a “qualidade do projeto” e a capacidade de “esse projeto acelerar as sustentabilidade e o desenvolvimento da empresa”. O terceiro tem a ver com “o reforço da autonomia financeira da Efacec”. O quarto critério é a minimização dos encargos para o Estado e a Mutares proporciona uma via para o Estado recuperar grande parte do dinheiro público injetado.

Por fim os restantes critérios prendem-se com a “minimização das condicionantes” para o negócio se realizar e com a competência que a empresa revela “neste sector de negócio”.

Esta empresa que está cotada na Bolsa de Frankfurt tem vários investimentos industriais tal como o Jornal Económico já tinha revelado.

“Esta empresa tem a seu favor 75 operações deste tipo feitas com elevado sucesso”, disse Costa e Silva. “O ROE da empresa é de 7 a 10 vezes aquilo que investe”, referiu o ministro.

Tal como avançou o Jornal Económico, a proposta vinculativa para a compra de 71,73% da Efacec apresentada pelo fundo Mutares propõe um retorno acima dos 14% a 15% para a estatal Parpública, cumprindo assim o critério para não ser considerada ajuda de Estado.

O Head of Iberia Private Equity da Mutares SE & Co. KGaA, Santiago San Antonio Alonso, garantiu recentemente ao Jornal Económico que “estamos interessados ​​em comprar e construir um futuro com a Efacec, queremos consolidar o mercado português”.

O Governo aguarda ainda a luz verde da DG Comp de Bruxelas, que implica que a Mutares passe no teste de operador de mercado. João Nuno Mendes não desvendou qual a taxa de rentabilidade que é considerada nesse teste, mas o Estado considera que o candidato vencedor passa nesse teste.

A empresa alemã terá de negociar com os “stakeholders” privados, nomeadamente com os bancos credores. Secretário de Estado das Finanças João Nuno Mendes revelou que há boa vontade da parte da banca.

O Governo diz que na proposta vencedora o Estado recupera grande parte do investimento na Efacec, mas será com partilha de resultados futuros, do valor criado.

A Mutares deterá “provavelmente a totalidade das ações à venda” mas o Estado manterá parte do “direito económico” através de uma definição por mecanismo contratual de partilha de valor, que será assinado ao mesmo tempo que o share purchase agreement (SPA).

A Mutares vai fazer injeção de capital e garantias na Efacec. “Selecionámos a Mutares também porque é uma proposta que traz um apport financeiro à Efacec sem exigir nenhumas garantias sobre os ativos ao contrário de outras propostas”.

António Costa Silva explicou que a proposta do consórcio Sodecia/Visabeira “não se enquadrava no quadro legal desta privatização” porque previa o desmantelamento da Efacec e a cisão entre ativos bons e ativos maus.

O Conselho de Ministros aprovou hoje, por via eletrónica, a resolução que seleciona a proposta para a aquisição da Efacec Power Solutions SGPS apresentada pela Mutares.

“A presente resolução aprova a minuta do instrumento jurídico a celebrar para efeitos de concretização desta venda, e autoriza a Parpública a realizar as diligências ainda necessárias à conclusão da operação”, lê-se no comunicado.

O Ministro da Economia salientou que este é um passo muito significativo, mas não é o passo final da venda da Efacec.

O Governo prevê o “closing” da operação para julho ou agosto depois da concretização das condições precedentes. O que inclui a assinatura do acordo de compra da Efacec e o acordo da Comissão Europeia, nomeadamente da Direção da Concorrência (DG Comp).

“Estamos a trabalhar afincadamente com a DG Comp e a partilhar toda a informação”, disse o ministro que reforçou a importância de passar no “teste de operador de mercado”.

“A terceira condição tem a ver com a negociação que a Mutares terá de fazer com os credores financeiros da Efacec” disse António Costa Silva que considera este um ponto sensível para a concretização do negócio.

“A Parpública fez um trabalho meticuloso”, disse o ministro. Recorde-se que a Parpública foi assessorada pela Deloitte e pela VdA – Sociedade de Advogados.

 

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