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Joe Biden, o homem que se diz da classe média e quer ser o mais velho presidente dos EUA

As eleições presidenciais dos Estados Unidos opõem o presidente Donald Trump a Joe Biden. A escolha dos norte-americanos ocorre neste dia 3 de novembro, com as sondagens a dar vantagem a Joe Biden. Se conseguir o lugar na Sala Oval, Biden será o mais velho presidente da história dos EUA. Mas quem é Joe Biden?
3 Novembro 2020, 07h35

O Middle Class Man (ou homem da classe média), assim é conhecido Joe Biden. Tem 77 anos, 36 dos quais como senador do Estado do Delaware e oito como vice-presidente da administração de Obama. Depois de falhar as nomeações de 1988 e 2008, Biden tem finalmente uma chance para entrar na Casa Branca.

Joseph Robinette Biden Jr. nasceu a 20 de novembro de 1942 em Scranton, Estado da Pensilvânia, no seio de uma família católica. Descendente de irlandeses e britânicos, viu a sua vida sofrer uma grande mudança quando tinha 10 anos de idade. Os negócios falhados do seu pai – Joe Biden Sr. – levaram a família para Wilmington, no Delaware, localidade onde ainda hoje Biden reside.

Longe de pensar em política, aos 23 anos Biden conclui os estudos em História e Ciência Política na Universidade de Delaware, onde fez parte da equipa de futebol norte-americano. Segue-se um percurso académico em Direito, na Universidade Syracuse. Decorria o ano de 1965.

Foi durante os anos de Syracuse que Sleepy Joe – alcunha usada por Trump para falar de Biden – conheceu Neilia Hunter, por quem se apaixonou numas férias da Páscoa nas Bahamas. Casaram-se em 1966.

Concluídos os estudos em Syracuse, no Estado de Nova Iorque, no final dos anos de 1960, Biden iniciou uma carreira na advocacia. Mas depois de se filiar no Partido Democrata, Biden enveredou pela política. O primeiro cargo público? O de vereador no Condado de New Castle, no Delaware, em 1970.

Dois anos depois, candidatou-se ao Senado norte-americano pelo Estado do Delaware e, após a sua eleição, tornou-se no mais jovem senador da história dos EUA. Aos 29 anos, Joe Biden era senador, advogado, casado e já tinha três filhos – Joseph Biden III (1969), Hunter Biden (1970) e Naomi Biden (1971).

A vida familiar e política de Biden estava encaminhada. Mas, em 1972, no ano em que fora eleito senador pela primeira vez, a mulher de Joe Biden e os seus três filhos sofrem um acidente de carro. O acidente aconteceu uma semana antes do Natal e resultou na morte da mulher e da filha mais nova. De acordo com um documentário da CNN, Biden chegou mesmo a ponderar o suicídio nessa altura. Diz ter sido salvo dessa ideia pela família.

Depois do acidente, Biden tomou posse como senador e tomou a decisão de não abandonar Wilmington, para que pudesse continuar a perto da família. Assim, ao longo de mais de quatro décadas na vida política norte-americana, Biden deslocou-se sempre de comboio de Wilmington para Washington. A última viagem – disse um dia – foi em janeiro de 2017, no dia em que Donald Trump tomou posse como 45.º presidente dos EUA.

Joe Biden viria a casar-se em 1977 com Jill Jacobs, com quem tem uma filha, Ashley Biden (1981).

Biden, o senador
Os anos enquanto senador – entre 1973 e 2009 – foram anos intensos com Biden a ser considerado um dos mais proeminentes legisladores do Partido Democrata, em Washington. O trabalho de Biden centrou-se, sobretudo nas relações externas norte-americanas. Exemplo disso, foi a sua intervenção no Senado na década de 1990 sobre o conflito do Kosovo. Biden defendia que os EUA tinham de se opor à ofensiva da Sérvia na região kosovar. Também tomou partido na Guerra do Iraque (2003-2011), propondo que os EUA dividissem o país em três regiões autónomas, a serem governadas por árabes, xiitas, sunidas e curdos. A ideia não foi bem acolhida.

Além do trabalho feito sobre as relações internacionais norte-americanas, Biden ocupou-se também de temas como a Justiça ou o combate às drogas. Foi nos anos em que era senador, que Biden decidiu por duas vezes candidatar-se à Casa Branca. Primeiro em 1988 e depois em 2008, mas em ambos os casos não conseguiu o apoio do seu partido.

Biden, o candidato presidencial
Depois de não querer avançar com uma candidatura em 2016, Joe Biden anunciou a sua intenção de concorrer à Casa Branca em abril de 2019. Biden superou as primárias do Partido Democrata e perfila-se agora contra o republicano Donald Trump, Jo Jorgensen (do Partido Libertário), Howie Hawkins (Partido ‘Verde’) e Don Blankenship (Partido da Constituição). Mas é entre Biden e Trump que a disputa incidirá, uma vez que historicamente, apenas o Partido Democrata e o Partido Republicano têm dominado a política norte-americana.

Caso vença, Joe Biden tornar-se-á o presidente dos Estados Unidos mais velho de sempre, com 77 anos, e Kamala Harris, a escolhida para ‘vice’, a primeira mulher negra vice-presidente. As projeções nacionais têm apontado para uma vitória do democrata, mas segundo a lei eleitoral norte-americana nem sempre o mais votado é eleito presidente.

O que distingue Biden de Trump? Desde logo, Joe Biden defende uma política de combate à pandemia da Covid-19 diferente daquela que Trump tem defendido. Biden defende a testagem gratuita, a criação de dez centros de testagem em cada estado e a contratação de 100 mil pessoas para criar um serviço federal para identificar e acompanhar contactos de risco.

Quando à saúde, Biden quer expandir o programa Obamacare. Já no que respeita à economia e às empresas, de um modo geral, Biden pretende aumentar o salário mínimo nacional e introduzir uma política de aposta em energias renováveis.

Na educação, Biden defende a gratuitidade e universalidade do ensino pré-escolar, bem como o perdão de dívidas de estudantes relativamente a empréstimos bancários para o ensino, e a expansão de uma rede de universidades sem propinas.

Outro tema quente é a política de emigração e imigração norte-americana. Biden já prometeu que, logo nos primeiros 100 dias de mandato, vai reverter a política de Trump, que permitiu que crianças e pais fossem separados na fronteira com o México. O Democrata quer ainda acabar com os limites nos números de pedidos de asilo e acabar com a proibição de entrada no país de cidadãos com nacionalidade norte-americana vindos de alguns países com população na sua maioria islâmica.

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