“Já não há bancos genuinamente portugueses. Pagar-se-á caro”. Após cinco anos de silêncio, o administrador do BES com o pelouro financeiro, o homem apontado para suceder a Ricardo Salgado antes da queda do maior banco privado português, quebrou o silêncio e deu uma entrevista ao jornal espanhol El País, na qual diz que com o desaparecimento do BES praticamente desapareceu a banca privada portuguesa.
Na esfera pública, especificou, há a CGD, tudo o resto é estrangeiro: o Santander é espanhol, o BCP tem capitais chineses e angolanos, o BPI é espanhol e o Bankinter também é espanhol. “Todos deixam de ter o seu centro de interesse em Portugal ou em países lusófonos. Isso terá um preço”, vincou.
Na opinião do antigo administrador do BES, “aquele momento” poderia e deveria ter sido aproveitado para fusionar o BES com o BCP e criar um banco português relevante. “Foi um grande erro estratégico” isto não ter sido feito, acusa, justificando: “Na próxima crise o ministro das Finanças não terá no sistema bancário nacional os interlocutores necessários para, por exemplo, desenhar um plano de contingência para as empresas públicas”.
Amílcar Morais Pires diz também que a decisão do Banco de Portugal de intervir foi “incompreensível e injustificada”, com consequências para todos. E os resultados estão à vista: “Foi má para os acionistas, para os clientes, para os trabalhadores e para o estado, que pôs 4 mil milhões e quatro anos depois já os perdeu”.
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